O biólogo acusado de ter errado durante a emissão de um dos laudos dos testes de HIV do laboratório PCS afirmou que atuava como coordenador e que normalmente não executava análises clínicas. No entanto, em depoimento à Polícia Civil, Cleber de Oliveira Santos afirmou que poderia, eventualmente, ter feito “um ou outro procedimento” durante o período em que trabalhou na empresa.
Aos policiais, Cleber explicou ainda que o sócio-proprietário Walter Vieira era uma das pessoas que possuía autorização para assinar os laudos. O biólogo ressaltou que nunca conheceu Walter, o também sócio Matheus Sales Vieira ou a auxiliar Jacqueline Iris Barcellar, que também fazem parte das investigações sobre o caso de contaminação de seis pacientes com HIV após transplante de órgãos.
Cleber foi preso na quarta-feira (16). Ele era considerado foragido desde a ação realizada pela Polícia Civil contra sócios e funcionários do PCS. Aos agentes, o biólogo afirmou que assumiu em dezembro de 2023 as funções na empresa que, segundo ele, o manteve verbalmente como coordenador dos serviços na unidade operacional do laboratório no Instituto Estadual de Cardiologia Aloysio de Castro.
De acordo com Cleber, durante a gestão dele, sempre foi exigido que fosse feito um controle de qualidade dos equipamentos utilizados em exames diariamente, procedimento que ele classificou como necessário para garantir a segurança dos resultados. No depoimento, Cleber também relatou que nunca soube sobre alterações no protocolo de segurança.
Cleber também explicou que os donos do laboratório, como Matheus Sales Vieira, que segundo ele era responsável pelo setor de Tecnologia da Informação, tinha acesso, por meio de senhas "master", ao sistema informatizado, onde era possível editarem lançamentos feitos anteriormente.
Cleber de Oliveira foi acusado pelo sócio-proprietário do laboratório PCS Saleme, Walter Faria, como um dos funcionários que teriam cometido erro durante a emissão de um laudo de teste de HIV dos doadores de órgãos infectados pelo vírus.
Em depoimento prestado na quarta-feira (16) ao ser preso, Cleber de Oliveira Santos disse que ele deixou a empresa oito dias antes da análise do primeiro laudo emitido com falso-negativo. O documento é do dia 23 de janeiro. A defesa afirma que o investigado saiu da companhia no dia 15.
A advogada de defesa diz que o nome de Cleber foi utilizado de forma ilegal. O Conselho Regional de Biologia da 2ª Região disse que o registro de Cléber consta como cancelado, não sendo biólogo. No entanto, o CRBio não disse quando o registro passou a ficar inativo.