Bernardo Bello e outras cinco pessoas viram réus por morte de bicheiro no Rio

A denúncia do MP foi aceita pela juíza Tula Correa de Melo nesta segunda-feira (31)

Christiano Pinho e Marcus Sadok

A motivação do crime seria a disputa por pontos do jogo do bicho Divulgação/Polícia Civil
A motivação do crime seria a disputa por pontos do jogo do bicho
Divulgação/Polícia Civil

Enquanto aguarda o processo de extradição, preso na Colômbia pela Interpol, o contraventor Bernardo Bello se torna réu por homicídio triplamente qualificado. Ele e outras cinco pessoas foram denunciados pelo Ministério Público do Rio pelo assassinato do bicheiro Alcebíades Paes Garcia, conhecido como Bid, em fevereiro de 2020. A vítima voltava de uma noite de desfiles na Sapucaí quando foi alvo de uma emboscada, na Zona Oeste.

A decisão é da juíza Tula Correa de Melo. Segundo o MP, a motivação do crime é a disputa por pontos do jogo do bicho, na Zona Sul. As investigações apontam que, mesmo preso, Bernardo Bello seguiria no controle do espólio da família, mas a Polícia monitora se alguém irá substituí-lo.

O superintendente da Polícia Federal, Tacio Muzzi, afirma que o processo de extradição não tem prazo definido, mas pode ser abreviado.

Os promotores do Ministério Público já monitoravam Bernardo Bello antes da expedição do mandado de prisão. No dia 8 de janeiro ele viajou com a família para Dubai nos Emirados Árabes. Depois, seguiu para Holanda e Colômbia. 

No entanto, no dia 24, a Justiça determinou a prisão preventiva. Bernardo passou a andar de carro em solo colombiano, o que de acordo com a promotora Roberta Laplace demonstra uma movimentação atípica do contraventor.

O MP também investiga a movimentação financeira milionária da família do ex-presidente da Unidos de Vila Isabel. Uma das formas para a lavagem de dinheiro do jogo do bicho, vem de comércios com uso de laranjas. Um deles, uma pequena loja de roupas, foi identificado no Terreirão, na Zona Oeste da cidade.

A disputa pelo espólio do jogo do bicho da família Garcia começou em 2004, quando o bicheiro conhecido como Maninho foi assassinado. Tamara Garcia, uma das filhas dele, se casou com Bernardo, enquanto Shanna Garcia, outra filha, se casou com José Luiz de Barros Lope, o Zé Personal.

Segundo o inquérito, um amigo da família, Rogério Mesquita decidiu procurar escolta para Alcebíades Paes Garcia, irmão de Maninho. O policial reformado Adriano da Nóbrega, que viria a ser o chefe do grupo de extermínio Escritório do Crime, é escolhido para ser o chefe da segurança. O ex-capitão do Bope, porém, mudou de lado e decidiu se aliar a Bernardo Bello, ajudando o contraventor a controlar o espólio.

A partir daí começaram os assassinatos. Em 2011, Zé Personal foi morto. Já em 2017, Mirinho, filho mais novo de Maninho, também foi executado. Em 2019, Shanna Garcia sobrevive a uma tentativa de homicídio, e, no ano seguinte, Bid foi morto.

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