Auxílio Federal no combate ao crime: especialistas avaliam como positivas medidas no Rio

O compartilhamento de informações entre as polícias estadual e federal é visto como "fundamental" para a realização de ações efetivas

Por João Boueri

Auxílio Federal no combate ao crime: especialistas avaliam como positivas medidas no Rio
Policiamento no Rio de Janeiro
Divulgação/PMERJ

O possível auxílio federal no combate ao crime organizado no Rio de Janeiro foi avaliado de forma positiva por especialistas na área de segurança pública, embora com ressalvas. O compartilhamento de informações entre as polícias estadual e federal é visto como "fundamental" para a realização de ações efetivas.

O Secretário Nacional de Segurança Pública, Mário Luiz Sarrubbo, se reunirá com as autoridades do Rio de Janeiro na próxima terça-feira (29). A visita ocorre após um pedido do secretário de Estado de Segurança Pública do Rio, Victor Santos.

A reportagem da BandNews FM conversou com especialistas para entender o pedido de ajuda do Estado ao Governo Federal, visando diminuir o poderio de criminosos e impedir a entrada e saída de armamentos.

O professor de Sociologia da Universidade Federal Fluminense, Daniel Hirata, destaca que o compartilhamento de informações entre as polícias raramente acontece.

Me parece bastante razoável que o governo federal apoie os estados na resolução desse problema, mas também a atuação de grupos específicos com vistas ao compartilhamento de informações. As informações raramente são compartilhadas; as polícias trabalham de maneira bastante compartimentada e não compartilhada na maior parte dos casos.

Na manhã desta sexta-feira (25), a Polícia Militar começou a reforçar o policiamento, por tempo indeterminado, na Avenida Brasil. A corporação atuará com um adicional de viaturas, motopatrulhas e helicópteros, visando garantir a segurança de quem trafega e mora nas proximidades da principal via expressa do Rio.

As linhas Amarela e Vermelha também estão recebendo reforço, após a operação realizada no Complexo de Israel. Na quinta-feira (24), um tiroteio durante a ação deixou três mortos e três feridos.

A Avenida Brasil foi totalmente interditada nos dois sentidos, na altura da Cidade Alta, uma das comunidades dominadas pelo Terceiro Comando Puro. Essa via expressa é margeada por comunidades, principalmente dentro do município do Rio de Janeiro. Além do Complexo de Israel, várias favelas estão localizadas nas imediações.

Para o ex-comandante da Polícia Militar, Ubiratan Ângelo, a Avenida Brasil é um ponto central para a circulação de mercadorias ilícitas oriundas do crime.

Não só isso, também outras vias expressas fundamentais cortam e desembocam na Avenida Brasil. Tudo que entra ou sai de ilícito no Rio de Janeiro passa pela Avenida Brasil ou tem como ponto de interligação. Não é à toa que, ao seu entorno, temos diversas áreas nas quais o Estado já perdeu o domínio.

No entanto, na percepção do antropólogo e capitão veterano do Bope, Paulo Storani, o modus operandi dos criminosos tende a se repetir em outras ações policiais.

Esse modus operandi, lamentavelmente, nós vamos passar a ver daqui para diante. Não é a primeira vez que essa estratégia é adotada. O que os criminosos fazem é atirar na polícia e nas pessoas de bem que estão circulando na Avenida Brasil ou nas vias em torno da comunidade. A tendência que temos no Rio de Janeiro, diante desse cenário caótico, torna ainda mais complexo aquilo que já está caótico.

Em entrevista coletiva na quinta-feira (24), o governador do Rio voltou a criticar a medida do Supremo Tribunal Federal que restringe ações policiais no estado. O político definiu como "terrorismo" os ataques dos criminosos. Segundo as investigações, os bandidos atiraram contra inocentes para impedir a entrada da polícia.

Procurado, o Ministério da Justiça e Segurança Pública ainda não se posicionou.

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