Uma audiência pública realizada nesta quinta-feira (3) na Câmara Municipal do Rio discutiu o projeto de lei que institui a Operação Urbana Consorciada do Parque Olímpico Rio 2016, na Barra Olímpica, Zona Oeste da cidade.
O objetivo é integrar as instalações dos Jogos Olímpicos aos lotes privados do entorno, criando um polo internacional de lazer, esporte e cultura.
Antes, as regras de uso e ocupação do solo seriam destinadas a condomínios privados, para os investidores da construção das arenas e do complexo esportivo para as Olimpíadas, o que nunca aconteceu, causando um abandono da área. O projeto busca transformar o uso atual de parte dos imóveis em áreas com uso destinado a entretenimento, como festivais, exposições e atividades esportivas. Com isso, o potencial construtivo seria transferido para outras regiões da cidade, principalmente na própria Barra da Tijuca.
A tendência é que seja construído no local o 'Distrito Criativo Imagine', pela empresa Rock World, responsável pelo festival Rock in Rio. O espaço vai ter capacidade de receber 100 mil pessoas por dia, contar com o maior anfiteatro da América Latina para 40 mil pessoas, um parque temático, um resort com 750 apartamentos, um prédio corporativo e outras estruturas de entretenimento, além da Cidade do Rock.
O projeto, de autoria da própria Prefeitura, enfrenta alguns questionamentos. O presidente da Câmara Comunitária da Barra, Delair Dumbrosck, teme pelo que chama de estrangulamento da região, desvalorizando o valor de imóveis e piorando o trânsito.
Se nós continuarmos a receber novas licenças de empreendimentos pela transferência de potencial construtivo, como está acontecendo, sem ter investimentos na região, esse mercado vai sofrer. Daqui a pouco as pessoas não estão querendo morar na Barra porque está estrangulado. E a única maneira que os empresários vão ter é diminuir o preço do metro quadrado, desvalorizar o seu próprio empreendimento. O metrô só vai até o Jardim Oceânico, você leva 40 minutos na Avenida das Américas para andar três, quatro quilômetros. Você não tem outra via que dê fluxo ao tráfico. Esses empreendimentos precisam vir dotados de investimentos.
Apesar de considerar a proposta como uma solução para dar um uso definitivo à área, o vereador Pedro Duarte, presidente da Comissão de Assuntos Urbanos da Câmara, comenta sobre a transferência de potencial construtivo para a Barra da Tijuca em outras operações urbanas consorciadas já aprovadas.
Nós já temos algumas operações urbanas consorciadas aprovadas na Barra, então a minha crítica não é exatamente a esse projeto. Eu vejo na verdade como muito positiva a ideia nós termos esse investimento enorme na área de entretenimento e lazer na nossa cidade. A região do Parque Olímpico que hoje é subutilizada, a ideia é boa. O meu questionamento é que já tivemos a aprovação da operação de Inhoaíba, operação de São Januário, do Vasco, e também a operação do autódromo. E agora essa quarta operação, que significa muito potencial construtivo emitido. Nós precisamos entender se o mercado tem capacidade de absorção disso.
O investimento inicial de concessão é de R$ 2,7 bilhões por 30 anos, período com uma estimativa de impacto financeiro de R$ 274 bilhões.