Atrasadas há mais de uma década, as obras do Museu da Imagem e do Som, em Copacabana, na Zona Sul do Rio, podem ficar mais caras. A MPE Engenharia e Serviços, responsável pela conclusão dos revestimentos e instalações do museu, deve receber mais R$ 3 milhões, além dos R$ 24 milhões previstos inicialmente. O valor representa um acréscimo de 12%.
O Governo do Rio alega que a alteração é necessária para custear itens essenciais que não foram previstos no projeto inicial, mas não detalha que itens são esses. O pedido foi feito pela empresa em julho do ano passado e está sendo analisado pelas áreas técnicas da Secretaria de Infraestrutura e Cidades, mas já recebeu o aval da Comissão de Fiscalização do Contrato e da Superintendência da pasta.
O prazo do serviço terminava em dezembro do ano passado, mas foi adiado duas vezes. Agora, a empresa tem até 29 de novembro para finalizar os trabalhos. No entanto, documentos obtidos pela BandNews FM revelam que nem os técnicos do governo têm certeza se o prazo será suficiente, já que a mudança contratual ainda está sendo discutida.
Outro contrato, para finalização das esquadrias e fachadas do MIS, também deve ficar mais caro. Quase 90% dessa etapa já havia sido concluída, mas estava paralisada devido a uma dívida com a empresa responsável. Para a retomada das obras, o Governo do Rio concordou em reajustar os valores ainda não pagos em 69%, para cobrir as variações no custo da obra desde a assinatura do contrato, em 2013. Assim, a Seveme Indústrias Metalúrgicas deve receber R$ 3,2 milhões, em vez dos quase R$ 2 milhões restantes. Até agora, porém, nem o aumento do valor nem a prorrogação do prazo foram publicados no Diário Oficial.
Para quem mora no bairro, a sensação é de que o canteiro de obras nunca vai dar lugar ao museu.
O governador Cláudio Castro prometeu terminar a construção da nova sede do museu até o fim do ano, mas a Secretaria de Infraestrutura e Cidades já admite que os serviços podem seguir no início de 2024 devido à necessidade de contratações adicionais. Quando as obras começaram, em 2010, a promessa era entregar tudo até 2012. Foram cerca de seis anos de paralisação e a retomada dos trabalhos também tem sido difícil.
Em um documento enviado ao Governo do Rio, a MPE Engenharia afirma que a presença de materiais de terceiros em diferentes andares atrasou os serviços. A companhia também encontrou água empoçada no subsolo, que não secou mesmo após três meses de drenagem. Uma análise identificou que a água é salina, o que indicaria infiltração a partir de lençóis freáticos.
A falta de coordenação entre os envolvidos no projeto é tão grande que, em um dos terraços, aparelhos de ar-condicionado foram instalados antes da colocação dos revestimentos. Outro espaço foi encontrado trancado e somente outra empresa tinha a chave para abrir.
Um relatório da Seveme Indústrias Metalúrgicas, responsável pela fachada e pelas esquadrias, também aponta que muitos materiais foram danificados e terão que ser substituídos, como corrimãos e ferragens de porta. A maioria dos vidros ainda não instalados foram armazenados de maneira inadequada ou acabaram se partindo. Ainda foram identificadas deteriorações nos painéis de cobogó que compõem a fachada.
Procurada, a MPE Engenharia e a Seveme não se posicionaram. A Secretaria de Infraestrutura e Cidades disse apenas que os processos continuam em análise.
A MPE Engenharia já foi condenada pelo Tribunal de Contas da União por fraude e figurou no rol de investigadas pela Operação Lava Jato, acusada pelo Ministério Público Federal de cobrar propina a executivos da Petrobras para conseguir contratos com a estatal. A companhia é a mesma que, segundo a revista Veja, está negociando assumir a operação dos trens da SuperVia em parceria com a operadora do metrô de Caracas, na Venezuela. Ainda de acordo com a revista, a empresa chegou a ceder um avião para que o secretário de Transportes Washington Reis viajasse para o país vizinho, o que ele nega.