Seis anos depois do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, duas perguntas seguem sem resposta da Polícia: quem mandou matar Marielle e por quê?
Os dois foram mortos a tiros no dia 14 de março de 2018, quando ela voltava de um evento na Região Central do Rio. Nesta quinta-feira (14), amigos e familiares participaram de atos para celebrar o legado de luta de Marielle e cobrar respostas.
No início da manhã, uma faixa foi estendida no Palácio Pedro Ernesto, sede da Câmara Municipal do Rio. Carregando girassois, os manifestantes fizeram um jogral e pediram justiça.
Ainda durante a manhã desta quinta, a vereadora e o motorista foram homenageados em uma missa na Igreja Nossa Senhora do Parto, no Centro. Logo depois, a família se reuniu no Buraco do Lume, em frente à estátua de Marielle, e seguiu em passeata até a Cinelândia, na mesma região.
A parlamentar era defensora dos direitos humanos e se apresentava como uma mulher negra, lésbica e cria do Complexo da Maré. Marielle foi a quinta mais votada na capital fluminense na eleição municipal de 2016.
Para a viúva dela, a vereadora Mônica Benício, a execução de uma parlamentar eleita com mais de 46 mil votos foi um atentado à democracia.
A ministra da Igualdade Racial e irmã de Marielle, Anielle Franco, lembrou outros casos sem solução e cobrou mais rigor nas investigações.
Já a filha de Marielle, Luayara Santos, questionou a demora da polícia, mas ressaltou que o legado de resistência segue vivo.
Pelas redes sociais, o presidente Lula prometeu que o governo federal vai ser incansável na luta por justiça.
Ao longo dos seis anos, o inquérito sobre o caso na Delegacia de Homicídios da Capital passou por cinco delegados titulares, mas a Polícia Federal assumiu as investigações no ano passado.
Em 2021, duas procuradoras do Ministério Público que faziam parte da força-tarefa montada para esclarecer o crime abandonaram o caso, alegando interferências externas.
Quatro suspeitos estão presos por envolvimento no crime. O policial reformado Ronnie Lessa confessou que fez os disparos. O ex-PM Élcio Queiroz admitiu que dirigiu o carro. O ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa é suspeito de monitorar a rotina de Marielle, participar de uma tentativa frustrada de execução e ajudar no sumiço de provas. Já o mecânico Edilson Barbosa dos Santos, conhecido como Orelha, teria feito o desmanche do veículo.
Em delação premiada, Ronnie Lessa chegou a apontar o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado Domingos Brazão como um dos mandantes do crime, mas ele ainda não é tratado oficialmente pela Polícia Federal como suspeito.
Outras cinco pessoas que apareceram nas investigações foram assassinadas desde 2018.
A primeira morte foi a de Lucas do Prado Nascimento da Silva, o Todynho, suspeito de ajudar na clonagem do carro usado no crime. Ele foi vítima uma emboscada na Avenida Brasil, na altura de Bangu, na Zona Oeste.
O ex-capitão do Bope Adriano da Nóbrega, acusado de chefiar o Escritório do Crime, também chegou a figurar entre os suspeitos do caso, mas foi morto pela Polícia da Bahia em uma operação em 2020.
Apontado como braço direito de Adriano, o PM Luiz Carlos Felipe Martins estava de folga quando foi assassinado em 2021, em Realengo, na Zona Oeste.
O sargento reformado da PM Edimilson Oliveira da Silva, o Macalé, morreu em 2021, em Bangu, na mesma região. Ele teria sido o responsável por intermediar a ordem para Ronnie Lessa matar Marielle Franco.
Já Hélio de Paulo Ferreira, conhecido como Senhor das Armas, foi executado no Anil, também na Zona Oeste, em fevereiro deste ano.