Área dos manguezais brasileiros cresce 4% nos últimos 36 anos

Segundo o levantamento do Mapbiomas, a extensão passou de 970 mil hectares para mais de 1 milhão de hectares

Por Filipe Brasil (sob supervisão)

Para os pesquisadores, o crescimento pode ser considerado uma estabilidade do ecossistema Tânia Rêgo/Agência Brasil
Para os pesquisadores, o crescimento pode ser considerado uma estabilidade do ecossistema
Tânia Rêgo/Agência Brasil

A área dos manguezais brasileiros cresceu 4% entre 1985 e 2021. A extensão, que vai desde o Amapá, no Norte do Brasil, até Santa Catarina, no Sul, passou de 970 mil hectares para mais de 1 milhão de hectares (1.011 Mha).

Os dados são de um levantamento produzido pelo Mapbiomas, iniciativa composta por pesquisadores de universidades, ONGs e empresas de tecnologia, focada em monitorar as transformações na cobertura e no uso da terra no Brasil.

Para os pesquisadores, o crescimento de 4% nos mangues pode ser considerado uma estabilidade na extensão desses ecossistemas no país. Os apicuns, por exemplo, formações naturais sobre as quais o mangue se expande diminuíram de 57 mil hectares para 54 mil no período analisado.

O estudo também destaca a importância dos mangues para as espécies marinhas no país. De 70 a 80% dos peixes, crustáceos e moluscos que a população consome precisam desse bioma em alguma fase de suas vidas.

De acordo com Yara Novelli, professora do Instituto Oceanográfico da USP, os manguezais oferecem os chamados serviços ecossistêmicos, que nem sempre podem ser repostos pela ação humana.

“O manguezal é uma área de criação de camarão, peixes de valor comercial, como a Tainha, o Robalo, criação de lulas, ostras. Temos uma profusão de recursos que usam o manguezal como grande espaço de criação e lugar de alimentação e proteção. Ao perder área de manguezal, a gente sente na pele o quanto ele nos proporciona gratuitamente. Todas essas comunidades de pescadores, marisqueiras, catadores de caranguejo, esses todos vão sair perdendo”, afirma a pesquisadora.

A pesquisa mostrou também a variação nas áreas de praias e dunas arenosas sem cobertura vegetal. Com 47% de sua área em unidades de conservação, essas formações diminuíram de 457 mil hectares, em 1985, para 389 mil em 2021, uma retração de 15%.

Segundo o estudo, entre os fatores que levaram à perda está a pressão do mercado imobiliário e o avanço de infraestruturas urbanas, silvicultura, pastagens e mosaicos de agricultura e pecuária.

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