Após a Prefeitura de Paraty enviar equipes para limpar as ruas do Centro Histórico da cidade, moradores se preocupam com o destino do esgoto retirado das vias.
Com apenas uma estação de tratamento de esgoto na área, destinada a resíduos hospitalares e do paço imperial, Paraty também não tem aterro sanitário próprio. O que era usado para o descarte do lixo é o aterro de Ariró, no município de Angra dos Reis, também na Costa Verde.
Na segunda-feira (29), mesmo dia que a BandNews FM denunciou o atraso na conclusão nas obras de saneamento básico no município, que é Patrimônio Mundial da Unesco, uma equipe da Prefeitura retirou parte do lodo e dejetos das ruas do Centro.
No entanto, segundo moradores, em outras ações de limpeza, o esgoto já chegou a ser jogado em uma via de terra no Centro Histórico, a Rua Fresca, que fica às margens de um canal.
Vincius Balogh, que tem casa na cidade, diz que a preocupação é que o esgoto volte para dentro da cidade em época de maré cheia.
Procurada, a Prefeitura de Paraty disse que faz a limpeza das ruas, após licença ambiental do Instituto Estadual do Ambiente, e que resíduos da dragagem realizada no Canal da Rua Fresca são depositados em um "Bota-Fora" da Prefeitura, às margens da BR-101, a dois quilômetros do trevo de Paraty.
Na quarta-feira (31), foi realizada uma reunião técnica entre Iphan e a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano para discutir o projeto de drenagem na região frontal da cidade. Um novo encontro deve ser realizado em 20 dias, com a participação da população. O projeto deve ficar pronto até o fim do ano.
Frente às críticas dos moradores sobre a falta de saneamento, o prefeito, Luciano Vidal, chegou a xingar uma mulher. Em nota, a Prefeitura disse que desconhecia a gravação da ligação e que ela deve ter sido retirada de outro contexto.
O projeto para os serviços de saneamento básico no município só foi instituído a partir de uma Parceria Público-Privada entre a Prefeitura, o Fundo Estadual de Controle Ambiental, a Eletronuclear e a concessionária Águas de Paraty, assinada e publicada em 2014, com total de investimentos previstos de R$ 83 milhões. Mas, desde 2016, o convênio vem sendo prorrogando, adiando também os prazos para o término das obras. O Município alega falta de repasses, o que é negado pela Eletronuclear. O Governo do Rio disse ainda que está em tramitação a prorrogação de prazos do convênio, sendo a conclusão do serviços prevista para 2025.
A situação é investigada pelo Ministério Público do estado.