Após denúncias, exames do Programa Estadual de Transplante devem ser concentrados no Hemorio

A mudança foi uma das recomendações enviadas pelo Ministério Público do Rio à Secretaria Estadual de Saúde e à Fundação Saúde

Por Pedro Dobal

Um inquérito foi instaurado pelo MP para apurar o caso
Tânia Rêgo/ Agência Brasil

Depois de a BandNews FM revelar que seis pacientes transplantados foram contaminados com HIV, os exames relacionados ao Programa Estadual de Transplante não vão ser mais realizados por laboratórios privados e devem ser concentrados somente no Hemorio.

Segundo uma fonte ouvida pela reportagem, com a mudança, o hemocentro vai passar a ser responsável por cerca de 500 testes realizados a cada ano.

A instituição também está refazendo mais de 280 exames que tinham sido realizados pelo laboratório PCS Lab Saleme, que foi alvo de uma operação da Polícia Civil nesta segunda-feira (14). Até agora nenhuma nova contaminação foi identificada, mas os laudos ainda estão sendo finalizados.

A concentração dos testes no Hemorio foi uma das recomendações enviadas pelo Ministério Público do Rio à Secretaria Estadual de Saúde e à Fundação Saúde. O objetivo é evitar novos casos adversos de infecção de pacientes transplantados.

A promotora Cristiana Benites, da Promotoria de Tutela Coletiva da Saúde da Capital, classificou o caso como uma "aberração" e um "erro grave".

O PCS Lab Saleme tinha contrato para atender 11 unidades da rede estadual, incluindo quatro hospitais e quatro institutos.

Após a denúncia da BandNews FM, a Fundação Saúde deu início à contratação emergencial de outra empresa para realizar as análises clínicas que eram feitas pelo laboratório, com exceção das relacionadas aos transplantes. Por ser um contrato emergencial, o processo ocorre sem a abertura de uma licitação.

No entanto, o MP pede que, caso o Hemorio não tenha condições de realizar todos os exames da Central Estadual de Transplantes, a contratação de uma empresa ocorra somente por meio de licitação, respeitando todas as regras para garantir a transparência e a segurança do processo.

Um inquérito foi instaurado pelo MP para apurar o caso. Entre os pontos investigados pelo órgão, está a possibilidade de improbidade administrativa. Os promotores querem saber se a contratação do laboratório foi influenciada pelo parentesco entre os sócios da empresa e o ex-secretário estadual de Saúde, o deputado federal Dr. Luizinho.

Walter Vieira, que foi preso na operação desta segunda-feira (14), é tio do parlamentar. Já Matheus Vieira, um dos alvos de busca e apreensão, é primo do deputado. 

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