Construída na década de 70, a icônica Rua das Pedras, em Búzios, com mais de 600 metros de extensão, virou novamente tema de polêmica. Nos últimos dias, comerciantes e moradores da cidade da Região dos Lagos foram surpreendidos por um trabalho de aplicação de um produto similar ao cimento. O serviço foi feito no dia 28 de dezembro.
O debate tem relação com a preservação da característica tradicional da via, que é uma das referências turísticas do local, por abrigar bares, restaurantes, lojas e acomodações. O acesso é liberado apenas para pedestres. A Orla Bardot, por exemplo, é uma continuação da Rua das Pedras.
O calçamento no estilo pé-de-moleque é tombado como patrimônio histórico e cultural do Estado do Rio de Janeiro.
Para a arquiteta e urbanista, Daniela Mazieri, o município poderia ter pensado em outras alternativas para a acessibilidade.
A atriz Alexia Deschamps mora há mais de 50 anos na Rua das Pedras. Ela conta que o produto aplicado pelo município causou tosse aos moradores e disse que está com pena dos turistas que foram até Búzios para conhecer a cidade.
Para o pescador Amarildo Sá, a aplicação do produto de cimento misturado com areia já mudou toda a característica da Rua das Pedras. Além de mudar a característica do espaço, a preocupação dos moradores também é com a drenagem da água.
O litoral de Búzios foi tombado em 2003 como Bem Natural e Cultural pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural. A região inclui as praias da cidade, as construções históricas, o Cais dos Pescadores e a Orla Bardot.
Em 2013, um caso parecido aconteceu na mesma Rua das Pedras, quando a Prefeitura começou a rejuntar com cimento o piso de pedra. A justificativa era de que a aplicação do produto facilita a acessibilidade da atração.
A Prefeitura de Búzios e o Instituto Estadual do Patrimônio Cultural foram procurados, mas ainda não se posicionaram.