Os implantes hormonais manipulados, conhecidos como "chip da beleza", não podem mais ser produzidos e comercializados no Brasil.  

A suspensão foi adotada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária após entidades médicas apontarem o crescimento no número de atendimentos de pacientes com problemas devido ao uso dessas substâncias em formato implantável.

A medida preventiva foi publicada no Diário Oficial da União.

Os primeiros resultados do Vigicom Hormônios, Observatório do Mau Uso do Hormônios, apontam que, até o momento, foram reportados 257 casos válidos de efeitos adversos. Cerca de 45% desses pacientes fazem uso de implantes hormonais manipulados.

De acordo com o estudo criado por entidades médicas, a maioria dos afetados é composta por mulheres. Entre os efeitos colaterais mais alarmantes do chip da beleza estão problemas cardiovasculares, como hipertensão e infarto, e também complicações metabólicas.

O endocrinologista Clayton Macedo, ((presidente do Departamento de Endocrinologia do Exercício da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, e diretor da Associação Brasileira para o uso da Obesidade e Síndrome Metabólica)) comenta que a indústria dos implantes cresceu devido a uma brecha na legislação de manipulação.  

Ainda segundo o levantamento, a busca pela aparência perfeita continua sendo a principal razão para o uso inadequado de hormônios. Dos casos analisados, aproximadamente 45,9% relataram o uso para fins estéticos, seguidos por 37% que usavam para combater o cansaço. Cerca de 29,2% usaram para tratar sintomas de menopausa ou "andropausa", como é o caso de Vanusa Souza, de 53 anos, que implantou hormônios manipulados em agosto de 2023.  

Os primeiros efeitos colaterais sentidos por ela foram alteração na voz, aumento de pelos no corpo e muitas dores na região pélvica. Após 6 meses, Vanusa teve sangramentos intensos e chegou a ter anemia. Depois de realizar exames, ela descobriu alteração no tamanho do útero e dos ovários e precisou retirar os órgãos.

Vanusa descreve a experiência com o chip da beleza como a pior da vida dela.  

O médico ginecologista José Maria, presidente da Comissão Nacional especializada em Ginecologia Endócrina da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia, explica que o uso de determinadas substâncias nos implantes pode causar o sangramento e crescimento anormal dos órgãos, como aconteceu com Vanusa.

A Anvisa afirmou que tem realizado investigações a respeito do tema. A Agência ressaltou ainda que a medida de suspensão não afeta os implantes hormonais registrados no órgão.