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Americanas promete ser referência em varejo simples um ano após expor fraudes

Pouco tempo depois o que a companhia chamou de "inconsistências contábeis", elas viraram uma fraude na ordem de R$ 20 bi

Por João Videira (sob supervisão)

Americanas promete ser referência em varejo simples um ano após expor fraudes
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Com uma dívida de R$ 43 bilhões, um ano após a divulgação do comunicado que expôs as fraudes de R$ 20 bilhões ao mercado, a Americanas diz à BandNews FM que dá início em 2024 a uma nova fase: a companhia promete ser referência em varejo simples.

Hoje apontado como maior escândalo do mercado de valores mobiliários brasileiro, a divulgação das "inconsistências contábeis" foi o pontapé para abertura de diversas apurações na Câmara dos Deputados, Justiça, Bolsa de Valores, câmaras de arbitragem e na Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Muitas das investigações ainda caminham a passos lentos. Uma delas que tramita na CVM, por exemplo, e busca entender se houve a anuência dos diretores da varejista durante a operação das fraudes, tem previsão de conclusão apenas em março deste ano, segundo apurou a BandNews FM.

Depois de anunciar o acordo com seus maiores credores e republicar novos balanços, a empresa vislumbra o novo horizonte. Para voltar a tornar-se competitiva, a Americanas aposta suas fichas na aprovação do Plano de Recuperação Judicial, um processo que permite a renegociação de dívidas às organizações e deve ser aprovado durante a volta do recesso judiciário.

Na avaliação do mercado, essa pode ser uma das alternativas adotadas para a empresa reverter a perda de 93% do valor de mercado desde o comunicado de 11 de janeiro passado. No entanto, ainda há temores entre os analistas sobre o futuro.

O chefe de análise de ações da Órama Investimentos, Phil Soares, conta que continua bem reticente em entrar nos papéis da companhia.

"A gente continua bem reticente em entrar no papel. Tem uma questão do passivo que é muito relevante, tem uma diluição da base acionária. Além disso há um problema mais grave: a questão operacional financeira", conta Phil Soares.

Já o economista da FGV, Mauro Rochlin, avalia que o cenário impõe mudanças estruturais.

"Claro que alguma mudança estrutural certamente está em andamento para que a empresa possa performar de uma maneira diferente do que vinha fazendo até agora. A gente vive ainda um cenário de juros muito altos e ele joga contra as empresas de varejo", conta.

Para além da homologação do plano, foi anunciada no ano passado a injeção de capital de R$ 24 bilhões. Segundo o modelo anunciado, os acionistas de referência da companhia devem colocar R$ 12 bilhões na Americanas, já os credores, a outra metade, como mais uma tentativa de trazer a varejista de volta à competitividade.

Parte das medidas de recuperação anunciadas, a conversão de Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, atuais acionistas de referência em "controladores" da empresa, é vista pelo mercado como um embarque definitivo do trio na tentativa de salvar a companhia.

O professor da FEA-USP, Rafael Ferreira, acredita que é difícil vislumbrar um futuro definitivo.

"É difícil dizer, mas a reestruturação da dívida é um passo importantíssimo. A empresa vai ter uma nova composição no seu quadro societário então é preciso aguardar para ver o que vai acontecer. É preciso que a empresa reestruture mais que suas dívidas, mas também as operações e seu posicionamento de mercado", diz Rafael Ferreira.

Dessa forma, a Americanas estima chegar a 2025 com um caixa de recebíveis na ordem de R$ 2,5 bilhões e dívida financeira bruta de até R$ 1,5 bilhão.

A BandNews FM apurou que também deve ficar para o próximo ano a venda de ativos importantes como a Hortifruti Natural da Terra e a Uni.co. A estratégia do presidente, Leonardo Coelho, é ter paciência e não vender bens da empresa "em liquidação", como disse em conferência para analistas.

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