Ambulantes que atuam na orla da Zona Sul do Rio, entre Leme e Copacabana, denunciam truculência durante abordagens da Guarda Municipal e de agentes da Secretaria Municipal de Ordem Pública. Nos últimos dias foram pelo menos três registros de confusão. O depoimento que mais impressiona é de um episódio que aconteceu no último sábado (21). A ambulante Adriana Barbosa, de 44 anos, se jogou por cima do filho de 15 anos para protegê-lo das agressões.
Ela conta que quando foi abordada pelos agentes, não ofereceu resistência por ter consciência de que estava sem a licença do carrinho de açaí. Ainda segundo Adriana, um dos servidores havia permitido que ela retirasse alguns alguns potes. No entanto, quando o filho foi ajudar, um agente chutou o adolescente no peito.
No domingo (22), outro episódio ganhou repercussão. O atendente que se identificou apenas como Lucas, de 25 anos, que trabalha na praia de Copacabana, aparece sendo espancado a pauladas pelos agentes em um vídeo que circula na internet. Quando já está sentado e cercado pelos agentes, ele ainda leva um chute.
Um outro ambulante tenta falar com um policial militar que está no cerco e leva um soco do agente.
De acordo com o jovem, a confusão começou depois que ele e um grupo de amigos que estavam trabalhando foram acusados de roubo por um banhista. Os dois entraram em luta corporal e a guarda foi acionada. Para ele, além da truculência dos agentes também houve preconceito.
A defesa do jovem afirmou que vai entrar com um processo contra a Guarda Municipal. Já na terça-feira (24), uma confusão envolvendo os guardas e ambulantes causou pânico quem passava pelas ruas Siqueira Campos e Barata Ribeiro.
Segundo um pedestre que prefere não se identificar além das bombas de efeito moral, os servidores usaram muito gás de pimenta mesmo com crianças e idosos na região.
Para o Coronel e analista de segurança pública Ubiratan Angelo, a ação dos agentes nos três casos, foge totalmente dos protocolos nacionais e internacionais do emprego da força.
Em nota, a Secretária Municipal de Ordem Pública e Guarda Municipal informaram que abriram uma sindicância para apurar o caso que foi registrado na Polícia Civil.
Já a Polícia Militar disse que o PM que aparece ao lado dos agentes da Guarda Municipal no episódio de domingo será identificado e vai ser ouvido. Nas imagens, o policial dá um soco com uma arma em um outro ambulante que estava tentando defender o jovem que era espancado.