31,9% dos municípios brasileiros ainda utilizam lixões, aponta IBGE

Os dados da "Pesquisa de Informações Básicas Municipais" são referentes ao ano de 2023

Por Maria Eduarda Vieira

Lixão em Teresópolis, na Região Serrana do Rio
Reprodução/Tv Band

31,9% dos municípios brasileiros ainda utilizam lixões, que são considerados a pior maneira de destinação final dos despejos. A informação é da "Pesquisa de Informações Básicas Municipais", do IBGE, divulgada nesta quinta-feira (28). Os dados são referentes ao ano de 2023. Cerca de 28% das cidades usavam aterros sanitários, enquanto aterros controlados eram utilizados em 18,7% dos locais. 
 
A analista do IBGE, Suanny Guimarães explica que ao contrário dos aterros sanitários, os controlados não possuem critérios de controle ambiental.


O aterro controlado é uma fase intermediária entre o lixão e o aterro sanitário. Nele, o lixo é compactado e coberto com uma camada de terra ou material inerte, mas não há critérios de engenharia ou controle ambiental. Isso faz com que o solo e as águas subterrâneas sejam contaminadas pelo chorume e que sejam emitidos gases de efeito estufa.

Na pesquisa, o instituto analisou o abastecimento de água por rede geral, esgotamento sanitário por rede coletora, limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos e drenagem e manejo de águas pluviais. 
 
De acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos, o prazo para os municípios com população superior a 50.001 habitantes acabarem com os lixões era até agosto de 2023. Porém, segundo a pesquisa, até março deste ano, aproximadamente 21% dessas cidades ainda contavam com unidades de despejo inapropriadas. 
 
73,7% dos municípios que possuíam o serviço de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos indicaram a presença de catadores informais. Já em 27% dos locais, entidades de catadores atuaram na coleta seletiva. 
 
Ainda segundo o levantamento, 96% das cidades brasileiras possuíam algum dispositivo de drenagem e manejo de águas pluviais em 2023. A região Sudeste se destaca como a que apresentou o maior porcentual de municípios com o serviço, totalizando 99,6%. Entre todos os municípios do país, apenas 24,5% apresentam estratégias de drenagem sustentáveis. 
 
A pesquisa revelou ainda que a falta de incentivos fiscais e financeiros e de previsão orçamentária foi a maior dificuldade para implementar soluções baseadas na natureza. 
 
Sobre o tema, a presidente executiva do Instituto Trata Brasil, Luana Pretto, explica que as mudanças climáticas presenciadas ultimamente apontam para a necessidade de soluções alternativas. 


Solução baseada na natureza, ela nunca foi, nunca esteve na cultura do projeto dos municípios. Hoje, com a realidade que a gente tem vivido, com mudanças climáticas, com o adensamento populacional cada vez maior, com a necessidade de a gente ter locais para infiltração dessa água também, a gente começa a ter que pensar em soluções diferenciadas. As obras de drenagem resistentes não têm conseguido suprir quando a gente vive aí eventos climáticos extremos com grande recorrência. 

A pesquisa também revelou que o número de municípios com uma política municipal de saneamento básico finalizada cresceu 17,7% em 2023, comparando com dados de 2017. No último ano, o índice chegou a 3.112 cidades, enquanto em 2017, eram 2.126. A especialista Luana Pretto afirma que o ideal é que essa política se converta em ações efetivas para a população. 


Agora, o nosso papel como cidadão é acompanhar que essa política que foi aprovada, que foi legalizada, ela se desdobre em ações efetivas para que a gente sinta uma melhora lá na ponta do impacto dessas mudanças climáticas que se refletem aí nos serviços de saneamento básico.

A pesquisa analisou 5.568 municípios e 2 distritos, sendo Brasília e Fernando de Noronha, do período entre setembro de 2023 e março de 2024. Os dados são fornecidos por órgãos municipais. 

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