Catorze a cada cem brasileiros conviveram com facções criminosas e milicianos nos últimos 12 meses. Ao todo, são mais de 23 milhões de pessoas nessa situação no Brasil. A estimativa é da pesquisa Datafolha, que entrevistou 2.508 pessoas com mais de 16 anos em todas as regiões do País, entre os dias 11 e 17 de junho.
O estudo também apontou que dois em cada dez entrevistados que residem em capitais relatam que os bairros em que vivem sofreram com a presença de organizações criminosas.
O porcentual é maior em municípios que ficam nas periferias de regiões metropolitanas: 17%. No Interior, 11 a cada cem entrevistados falaram que já presenciaram esse tipo de situação.
Segundo o estudo, pretos e pardos convivem mais com a presença do crime organizado, assim como os mais jovens relatam uma presença maior de bandidos onde vivem.
Para o pesquisador do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Leonardo Carvalho, a ausência de políticas públicas por parte dos estados influenciam na presença maior de criminosos.
O pesquisador do Laboratório de Análise da Violência (LAV-UERJ), Doriam Borges, aponta soluções para o problema da segurança pública.
Os pesquisadores também apontaram as pessoas que admitem a atuação de facções criminosas na região onde vivem também reconhecem a existência de cemitérios clandestinos. Oito a cada cem pessoas conhecem esse tipo de espaço irregular.
Segundo a pesquisa, quase 29 milhões de pessoas vivem em bairros com oferta de serviços de vigilância privada prestados por policiais de folga. O porcentual aumenta na medida em que a renda também cresce.
Outro destaque do estudo é a presença das chamadas "cracolândias" em capitais. Vinte e sete a cada cem pessoas convivem com os espaços nos trajetos diários.
No estado do Rio de Janeiro, por exemplo, o controle de grupos armados em território fluminense aumentou 105% nos últimos 16 anos. No período, a milícia teve um aumento de 204,6%. O estudo foi publicado em abril pelo Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da UFF (GENI/UFF) e pelo Instituto Fogo Cruzado.
O Comando Vermelho controla a maior parte dos territórios. Os milicianos que lideravam a concentração de regiões em 2021 e 2022 foram ultrapassados pelos traficantes. Entre 2022 e 2023, o Comando Vermelho foi o único grupo armado a avançar o domínio em territórios fluminenses.
A margem de erro da pesquisa Datafolha é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
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Fernando Frazão/Agência Brasil