A Prefeitura do Guarujá afirma ter certeza que o motivo do surto de virose na cidade é a contaminação da água, inclusive das que são engarrafadas. Em entrevista à BandNews FM, o Coordenador de Vigilância Sanitária da cidade, Marco Chacon, falou sobre as possíveis fontes de contaminação e informou que o Instituto Adolfo Lutz já foi acionado.
Ainda de acordo com Chacon, a contaminação pode estar em águas envasadas, no gelo que é usado para armazenar bebidas e na própria água do mar. No entanto, ainda não há um prazo para que o instituto divulgue o resultado das análises que vão apontar qual tipo de vírus ou bactéria está em circulação no município.
Não saber o tipo de organismo que está infectando as pessoas prejudica o atendimento nos postos de saúde, que já estão lotados em função do surto e isso pode facilitar o espalhamento dos sintomas entre as pessoas.
"Em casos como esses, as pessoas tendem a correr para o pronto-socorro, e essa movimentação causa um inchaço no sistema de saúde e nas unidades médicas também. Dentro do pronto-socorro, as pessoas têm aguardar em um lugar comum. Existem vírus que se aproveitam desse tipo de contaminação, não só no contato, mas através do ar também. Por isso, é importante saber qual é o vírus que está circulando", explica o coordenador.
Marco Chacon confirmou que medicamentos para combater os sintomas, como náusea, vômito e diarreia, estão em falta em parte das farmácias do Guarujá. O coordenador orienta turistas e moradores sobre como agir em caso de surgimento de sintomas para que não faltem medicamentos e para que as pessoas não mascarem problemas mais graves.
"Alguns remédios, sim, já não estão mais disponíveis, mas é preciso ficar atento e questionar: quem passou esse remédio para essas pessoas? Ok, essas pessoas têm prescrição médica. A maioria das pessoas compra esses medicamentos de livre demanda e podem, inclusive, acabar ocultando algum tipo de doença. A diarreia infecciosa é só um sintoma, que pode mascarar outros remédios, se você toma ele e para ela", pontua.
A Prefeitura do Guarujá informou que mais de 2 mil casos dessa virose foram registrados só no mês de dezembro e que, por causa disso, a cidade ampliou, até o dia 5 de janeiro, o horário de atendimento de algumas unidades de saúde, que vão funcionar em esquema de plantão.
Sabesp acionada
A Prefeitura do Guarujá afirma que acionou a Sabesp para investigar possíveis vazamentos e ligações clandestinas de esgoto que poderiam estar relacionados ao aumento de casos de virose na cidade. A Sabesp diz que adotou medidas para verificar as solicitações da prefeitura e prestou os esclarecimentos necessários à Secretaria Municipal de Meio Ambiente. A companhia acrescenta que tem monitorado o sistema de esgoto da Baixada Santista e que "ele está operando normalmente".
"Cabe destacar que as fortes chuvas podem sobrecarregar o sistema (de esgoto) devido à entrada irregular de água pluvial, já que o sistema não foi projetado para essa finalidade", afirma ainda a Sabesp em nota.
Cidades como Praia Grande, Peruíbe e São Vicente também registram casos de infecção.
Confira as orientações dos órgãos de saúde:
- Evitar alimentos mal cozidos;
- Mantê-los bem refrigerados;
- Prestar atenção às temperaturas dos refrigeradores e geladeiras dos supermercados;
- Levar os próprios lanches em passeios;
- Ficar atento a higiene de lanchonetes e quiosques;
- Lavar bem as mãos antes de se alimentar;
- Ter atenção redobrada com comidas em 'self-service';
- Beber água filtrada sempre.
A Companhia Ambiental do Estado reforçou os mesmos cuidados e disse que está acompanhando e orientando os municípios da Baixada Santista e do Litoral Norte de São Paulo sobre as medidas a serem adotadas, mas não informou quais são.
A CETESB recomenda que os banhistas verifiquem a qualidade da água da praia por meio do site da companhia e que não entrem na água se estiver classificada como imprópria ou em um período de até 24 horas após qualquer chuva.
A BandNews FM ainda aguarda uma resposta do Instituto Adolfo Lutz.