O vendedor da Davati Medical Supply Cristiano Carvalho é ouvido na CPI da Pandemia nesta quinta-feira (15) e, ao ser questionado sobre a suposta proposta de propina na venda de vacinas, o vendedor disse que negou pedidos diretos e que esse termo não foi utilizado nas reuniões com o Ministério da Saúde. Segundo ele, ocorreu sim uma solicitação de comissionamento que veio, nas palavras dele, do “grupo do Blanco”, em referência ao coronel Marcelo Blanco, ex-assessor do ministério.
Carvalho também afirmou que o policial militar Luiz Paulo Dominghetti o procurou em janeiro deste ano. Segundo o vendedor, até então, ele nem sequer conhecia Dominghetti que, em depoimento à CPI, afirmou ter sido designado pela Davati Medical Supply.
Ele também leu mensagens que teriam sido enviadas pelo ex-diretor de logística do Ministério da Saúde Roberto Dias. Segundo Cristiano Carvalho, houve muita insistência de Dias, que o procurou três semanas antes de um jantar que ocorreu em fevereiro em Brasília.
Em depoimento anterior, Dias afirmou o contrário: que não havia falado com a Davati antes do final do mesmo mês. Cristiano Carvalho também diz que, no dia 15 de março, Hérman Cárdenas, presidente da Davati, enviou uma nova proposta de vacinas ao então secretário-executivo do Ministério da Saúde, o número 2 da pasta, Elcio Franco. Os imunizantes seriam da Johnson & Johnson e teriam sido oferecidos quase 100 milhões de doses.
Logo no início do depoimento, Cristiano Carvalho foi questionado sobre as funções dele na empresa e afirmou que a Davati não tem escritório nem diretor-executivo; ele afirmou que, no Brasil, atuou em nome da empresa "somente como um vendedor" de vacinas. Cristiano Carvalho também apontou que foi procurado pelo cabo Luiz Paulo Dominghetti para negociar imunizantes.
O vendedor apresentou uma mensagem do dia que representantes do ministério da Saúde entraram em contato com ele, no início do ano. Ele relatou uma reunião na pasta com Dominghetti, o reverendo Amilton Gomes de Paula, o coronel Helcio Bruno e secretário Elcio Franco.
Segundo Carvalho, Helcio Bruno seria do Instituto Força Brasil. A ONG, segundo o senador Randolfe Rodrigues, já estava na mira da CPI das fake news.
Antes do depoimento, a comissão da Pandemia solicitou acesso a documentos envolvendo a compra da vacina indiana Covaxin e ao conteúdo do inquérito da Polícia Federal sobre a Precisa Medicamentos. Esses pedidos foram feitos à Polícia Federal, ao Ministério da Saúde, à Receita Federal e ao Exército Brasileiro.
Há também pedido de informações informações diretamente à Precisa Medicamentos, empresa responsável por intermediar a aquisição da Covaxin pelo governo brasileiro.