"Vai trazer os caras do túmulo?", ri Mourão de áudios que comprovam tortura

O vice-presidente Hamilton Mourão repercutiu a informação de que a Comissão de Direitos Humanos do Senado vai investigar áudios do Superior Tribunal Militar com provas de tortura

Rádio BandNews FM

O vice-presidente Hamilton Mourão afirmou nesta segunda-feira (18) que não há o que investigar sobre os áudios do Superior Tribunal Militar que comprovam a prática de tortura no período da ditadura militar.

Ao ser questionado por jornalistas sobre as revelações do historiador Carlos Fico, Mourão riu ao dizer que todos os envolvidos já estão mortos.

"Isso é história, já passou, mesma coisa que a gente voltar pra ditadura do Getúlio. São assuntos já escritos em livros, debatidos intensamente, passado, faz parte da história do Brasil. Vai apurar o que, os caras já morreram tudo, pô (dando risada), vai trazer os caras do túmulo?"

A existência de áudios em que ministros do STM reconhecem a existência de tortura e sevícias em presos políticos foram revelados no domingo (17) pela jornalista Miriam Leitão, no Jornal O Globo. A própria jornalista foi presa e tortura. O episódio foi desmerecido e foi alvo de piadas do deputado federal Eduardo Bolsonaro na última semana.

GRAVAÇÕES

A Comissão de Direitos Humanos do Senado vai pedir acesso às gravações em que ministros do Superior Tribunal Militar admitem casos de tortura durante a ditadura.  

Os áudios foram obtidos pelo historiador Carlos Fico, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, e divulgados no fim de semana pelo jornal O Globo. As sessões do STM ocorreram entre 1975 e 1985.

Em um deles, de 1977, o general Rodrigo Octávio fala sobre o caso de uma grávida de três meses que sofreu aborto após receber choques elétricos na genitália.

Em outra gravação, o almirante Júlio de Sá, ministro do STM, afirma que as denúncias de tortura afetam a imagem do Brasil no exterior. Em mais um áudio, esse de 1978, o brigadeiro Faber Cintra diz que os réus deveriam provar que foram torturados.