O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump disse na noite de terça-feira (4) ser vítima de perseguição política e atacou o juiz e o promotor que atuam na ação que o tornou o primeiro ocupante da Casa Branca réu em um processo criminal. O empresário se reuniu com apoiadores no resort que mantém em Mar-a-Lago, na cidade de Palm Beach, na Flórida, e transformou o primeiro discurso depois que compareceu ao Tribunal de Nova York em um ato político e de campanha nas primárias republicanas.
Trump já anunciou que pretende um segundo mandato e, para isso, disputa a indicação do Partido Republicano como candidato na eleição do próximo ano.
Mais cedo, na Corte Criminal de Manhattan, o ex-presidente ouviu do juiz Juan Merchan as 34 acusações do promotor Alvin Bragg no caso do pagamento de suborno à atriz pornô Stormy Daniels. Trump teria usado dinheiro de campanha não contabilizado para impedir que um caso extraconjungal viesse à tona em 2016.
Ao começar o discurso, o ex-presidente agitou os apoiadores: “Nunca imaginei que algo assim aconteceria nos Estados Unidos. O único crime que cometi foi defender sem medo nossa nação daqueles que buscam destruí-la”.
No discurso de meia hora, Trump citou outros processos que é alvo, como a interferência no processo eleitoral da Geórgia, a retirada de documentos ultrassecretos da Casa Branca e fraudes fiscais das organizações da família. O empresário nada falou sobre a apuração de incitação da invasão do Capitólio para impedir a proclamação da eleição de Joe Biden.
Ao criticar os promotores que atuam nos casos, disse ser alvo de falsas acusações tramadas pelos democratas e afirmou que os investigadores seriam financiados por inimigos políticos. A televisão americana interrompeu a transmissão da fala do ex-presidente quando ele começou a insultar promotores e juízes.
Trump também criticou o presidente Joe Biden e ações do governo democrata. O atual mandatário deve concorrer à reeleição e, assim, reeditar a disputa de 2020 que terminou com a derrota do republicano.
A próxima audiência do caso que investiga a compra do silêncio da ex-amante de Trump está marcada para o dia 4 de dezembro. A data do julgamento final ainda não foi fechada.
No banco dos réus, o republicano se declarou inocente das 34 acusações e os advogados do ex-presidente afirmaram que ficará provado que nada de irregular foi feito. A defesa reconhece o pagamento a Stormy Daniels, mas diz que não houve fraude no ato.