Trio destaca que time amador do Água Santa era imbatível

Jogadores que atuaram na várzea pelo Netuno guardam boas lembranças

Por Alinne Fanelli

Equipe amadora do Água Santa de 2008
Arquivo Pessoal

A história do Água Santa na elite do futebol paulista não é tão distante. Em 2016, o clube conseguiu jogar pela primeira vez a Série A1, mas não se manteve. Ficou na Série A2 de 2017 a 2019, retornou à elite em 2020 e foi rebaixado de novo. No ano passado, em mais uma disputa de Série A1, parou na semifinal do Troféu do Interior. Agora, chega à inédita final do Paulistão e terá um favorito Palmeiras pela frente.

Antes de toda essa trajetória, porém, há um legado vitorioso na várzea. O Netuno era considerado imbatível no futebol amador e, pelos relatos dos ex-jogadores, era um trabalho praticamente profissional.

Xande chegou ao clube em 1999, para jogar a terceira divisão do Campeonato Amador de Diadema e ficou até 2009 – com um intervalo de saída em 2002 e 2003. “Eu acredito que fui o maior artilheiro da história do Água Santa no amador. Não tenho o número exato, mas fiz mais de 70, 80 gols. Tenho até uma placa que me entregaram quando eu alcancei 100 partidas sem perder”, conta.

O ex-atacante lembra de dois gols que foram os mais marcantes com a camisa do Netuno. “De 1999 a 2005, eu fiz os gols mais importantes da história da equipe. Um que me marcou foi em uma semifinal, em 2004, contra o União de Bandeirantes que estávamos perdendo por 1 a 0. O Água Santa não havia sido campeão ainda da primeira divisão de Diadema. Faltando uns três, quatro minutos para acabar, fiz um gol de falta. O Outro foi na final da Copa Kaiser do Grande ABC, em 2001, em Rio Grande da Serra. Tínhamos acabado de tomar o gol e a bola estava no centro para a saída. Os adversários estavam comemorando e eu pedi para o meu centroavante pisar na bola. Ele deu um toque e eu dei um tapa praticamente do meio de campo”, recorda.

Xande disse que lá pelos anos 2000 a diretoria já falava do planejamento de profissionalização do time. Para Xande, quando isso aconteceu, depois de 2011, já era tarde demais. “Eu estava com 39 anos, não haveria possibilidade. Do amador mesmo ficaram poucas pessoas, que assumiram funções no clube e estão lá até hoje, isso que é legal. Eles não perderam a raiz”.

A situação foi a mesma para outros dois jogadores que marcaram o time. Luciano, mais conhecido como Chokito, atuou no Água Santa entre 2009 e 2011, como capitão da equipe. “Eu aprendi muito com eles, conquistei muitas coisas. O capitão não é aquele que dá botinada, que briga. É quem vai roubar a bola, colocar respeito no vestiário. Eu nunca fui bravo. A palavra de incentivo no vestiário era a parte que eu mais gostava, porque nosso vestiário era muito unido. Acho que chegamos a ficar mais de 70 partidas sem derrota”, diz.

Chokito afirma que a relação com toda a diretoria é ótima e que, inclusive, conhece o elenco finalista do Paulistão. “Eu estive com o Bruno Mezenga [atacante do Água Santa] nesta semana e ele me pediu para dar uma palavra sobre o que é a final. O Mezenga ainda me agradeceu, falou que tudo o que está acontecendo é por causa de tudo lá atrás. No estádio, tem a frase: ‘Não limite seus sonhos, tudo é propósito dentro da sua mente’. E domingo pode ser a hora. Estamos vendo várias zebras por aí nos estaduais. O mais importante é o primeiro jogo, não pode perder, porque depois jogar no Allianz é difícil, mas não impossível. Ninguém imaginava que ia tirar São Paulo, Bragantino, mas sofreu né”.

O histórico capitão do Netuno esteve com Fábio, apelidado de Mentirinha, no último jogo da equipe como amadora. Ele chegou ao time em 2008, e a transição para o profissional era algo que eles já esperavam.

“A gente via a estrutura. Aquele último jogo foi um clássico contra o Eldorado, final da Copa TV Mais. Nosso time tinha 30 jogadores e, dificilmente, eles contratavam alguém. Ninguém saía, éramos sempre campeões. Time fora do comum mesmo. No dia da final, falaram para nós no vestiário que era o último jogo no Amador. Pensamos: ‘onde vamos arrumar nosso dinheiro de fim de semana? ’, porque era um dinheiro muito bom. Ganhamos o jogo por 2 a 0, e teve convite para mim e para outros jogadores. Mas tínhamos idade avançada, trabalhávamos. Não dava para largar o trabalho para arriscar algo na quarta divisão do futebol paulista”, conta Mentirinha.

O Água Santa iniciou a profissionalização em 2013. Conseguiu acessos consecutivos da quarta divisão até à elite do futebol paulista. Neste domingo (2), o grupo do técnico Thiago Carpini terá o primeiro desafio da final contra o Palmeiras, às 16h, na Arena Barueri.

A BandNews FM transmitirá o confronto a partir das 15h20, com narração do Marcelo do Ó.

Confira a reportagem em áudio:

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