O crime da Vale, em Brumadinho, completa três anos nesta terça-feira (25). No dia 25 de janeiro de 2019, 12 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério vazaram da estrutura da mineradora e destruíram tudo que encontraram pela frente: carros, casas e vidas.
A lama da Vale também destruiu sonhos. Como o da jovem Nathalia, de 25 anos, que sempre quis trabalhar na Vale. A prima da jovem, Tania de Oliveira, conta que Maria Oliveira, mãe da jovem, três anos depois, ainda fica olhando para a porta de casa com a esperança que a filha volte um dia.
Brumadinho já é a maior operação de busca e salvamento da história do país. Durante estes três anos, as buscas foram interrompidas duas vezes em função da pandemia e agora por conta das fortes chuvas que atingem o estado.
Os trabalhos, temporariamente paralisados, serão retomados em fevereiro. A lama da Vale deixou 270 mortos e seis desaparecidos.
INVESTIGAÇÕES
A Polícia Federal indiciou em setembro 19 pessoas que trabalhavam nas mineradoras Vale e Tuv Sud, envolvidas no vazamento de minérios em Brumadinho. Essa foi a segunda fase do inquérito, que acusa as empresas de crime ambiental de poluição e contra a fauna terrestre e aquática, a flora, os recursos hídricos, unidades de conservação e sítios arqueológicos. Até o momento, as investigações não levaram a nenhuma condenação.
A barragem de Brumadinho foi construída no modelo de alteamento de montante, que é considerado por especialistas como o mais precário de todos. Atualmente, a legislação brasileira determina a desativação das barragens construídas neste modelo, mas o Brasil ainda possui cerca de 65 ativas.
A Vale é proprietária de dezenas de barragens em Minas Gerais, 18 delas foram consideradas em situação de emergência pelo Ministério Público de Minas Gerais neste mês e necessitam de intervenções devidos às fortes chuvas que comprometem as estruturas.
Acompanhe as reportagens por Mardelio Couto: