O Talibã é acusado de matar o familiar de um jornalista da empresa alemã Deutsche Welle e deixar outro ferido. O grupo armado vasculhou casas em busca do profissional, que não foi encontrado. Em nota, a DW disse que os demais moradores da residência conseguiram escapar e estão fugidos. A perseguição aos membros da equipe foi denunciada nesta quinta-feira (19) e repercutida em todo o mundo nesta sexta-feira (20).

A situação da imprensa no Afeganistão preocupa países do ocidente, já que os extremistas reviraram moradias de ao menos três comunicadores da Deutsche à procura de novas vítimas. Os militantes também são indicados como os assassinos de Amdadullah Hamdard, colaborador do jornal alemão Die Zeit, morto a tiros no dia 02 de agosto. De acordo com as entidades internacionais, acredita-se que Nematullah Hemat, da Ghargasht TV, foi sequestrado pelo Talibã.

O desespero da comunidade jornalística foi evidenciado no pronunciamento do diretor-geral da Deutsche Welle, Peter Limbourg: "Está claro que o Talibã já realiza buscas sistemáticas por jornalistas, tanto em Cabul quanto nas províncias. Nosso tempo está se esgotando!", afirmou o diretor.

As redes de comunicação alemãs solicitaram apoio da Alemanha para retirar funcionários do Afeganistão por meio de carta aberta à chanceler alemã Angela Merkel e pediram ao Conselho de Segurança da ONU uma missão especial de resgate aos profissionais perseguidos.

O documento informa o perigo de estar em solo afegão e a necessidade de serem resgatados com urgência: “Até a vida em Cabul se tornou extremamente arriscada para funcionários de organizações de mídia internacionais. Após a retirada das tropas internacionais, incluindo tropas alemãs, há preocupações crescentes de que o Taleban se vingue de nossos funcionários ", explicam os signatários.

O Ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Heiko Maas, informou pelo Twitter que a retirada dos trabalhadores já está sendo realizada e que 1.640 se encontram em terras alemãs.

Apesar das recorrentes falas do Talibã, que afirmam ter “perdoado” a todos que não seguiram as leis do grupo durante o período, a prática de perseguição demonstra uma realidade diferente e aponta para um futuro ditatorial e preocupante para a população.