A decisão de suspender a Rússia do Conselho de Direitos Humanos da ONU faz parte do esforço de isolar o país no cenário internacional, segundo o professor-adjunto do Departamento de Relações Internacionais da UERJ e doutor em Ciência Política, Maurício Santoro.
Para ele, essa foi uma forte resposta da comunidade internacional e que tem grande efeito político.
Maurício Santoro explica que a suspensão prejudica as ambições geopolíticas russas na Síria, por exemplo.
A suspensão ocorreu por conta de "violações e abusos graves e sistemáticos" cometidos durante a invasão russa na Ucrânia.
93 países votaram a favor do texto. 24 foram contrários, entre eles a própria Rússia e a China. O Brasil optou por se abster, assim como outras 53 nações.
O embaixador brasileiro nas Nações Unidas, Ronaldo Costa Filho, justificou a posição alegando que as imagens que circulam na imprensa mundial apontam para crimes de direitos humanos na Ucrânia, mas que não há confirmação da veracidade delas.
O professor Maurício Santoro afirma que o Brasil adotou um posicionamento coerente.
O colunista da BandNews FM na ONU, Jamil Chade, acredita que a suspensão da Rússia do Conselho de Direitos Humanos pode ter efeitos nas negociações de paz na Ucrânia.
Ele destaca que a decisão abre um precedente em relação ao comportamento da comunidade internacional em futuras guerras envolvendo os Estados Unidos.
O Conselho de Direitos Humanos existe desde 15 de março de 2006 e substituiu a Comissão de Direitos Humanos como principal órgão intergovernamental da ONU responsável pelos direitos humanos.
Ele é formado por 47 representantes de Estados-membros e é responsável, por exemplo, por discutir situações de violações de direitos humanos, além de poder oferecer respostas práticas, como ajuda humanitária.
Essa foi a segunda suspensão de um país do Conselho. A Líbia foi a primeira, em 2011, por conta da repressão aos protestos populares por parte do regime de Muammar Khadafi.