Sudão: cessar-fogo é prorrogado por 72h; milhares tentam deixar país

Nova trégua foi assinada após mediação dos Estados Unidos e da Arábia Saudita

Rádio BandNews FM

Sudão: cessar-fogo é prorrogado por 72h; milhares tentam deixar país
Sete brasileiros conseguiram deixar o Sudão em meio ao conflito no país.
Foto: Reuters

As Forças Armadas do Sudão concordaram nesta quinta-feira (27) em estender o cessar-fogo em curso no país africano por mais 72 horas. O acordo foi firmado após mediação dos governos dos Estados Unidos e da Arábia Saudita.  

A trégua nos combates terminaria ao final desta quinta, mas os dois lados envolvidos no conflito alegam que ela não estava sendo respeitada. Os confrontos continuaram nas últimas horas na capital Cartum e também na região de Darfur, no oeste do país.  

As Forças Armadas do Sudão, comandadas pelo general Abdel Fatah al Burhan, e as unidades da FAR, sob o comando do vice-presidente do Conselho Soberano Mohamed Hamdan Dagalo, travam uma disputa pelo poder desde 15 de abril. No fim do ano passado, militares e representantes da sociedade civil assinaram um acordo de transição para que o FAR se juntasse ao exército sudanês. A proposta de reestruturação, no entanto, não foi bem aceita pelo grupo rebelde.  

Até agora, pelo menos 512 pessoas morreram e cerca de 4.200 ficaram feridas desde o início dos combates. Em meio ao cenário, milhares de pessoas tentam deixar o território sudanês.  

Nesta quinta, a União Africana apelou aos países vizinhos do Sudão e à comunidade internacional para que ajudem quem tenta fugir da região. O presidente da Comissão da UA, Moussa Faki Mahamat, afirmou que "continua a monitorar com crescente preocupação a situação dos civis apanhados no conflito mortal no Sudão".  

A nova crise migratória agora coloca pressão em outros governos da África. É o caso do Egito, onde cerca de 10 mil pessoas aguardam na fronteira, do lado sudanês. O governo egípcio tem sido, inclusive, criticado por dar pouca assistência aos refugiados.  

Segundo a Organização Internacional para as Migrações da ONU, mais de 3.500 pessoas chegaram à Etiópia depois de fugir dos intensos combates. As Nações Unidas alertaram que a violência pode forçar até 270 mil pessoas a buscar refúgio nos vizinhos Sudão do Sul e Chade.

Enquanto isso, alguns países do Ocidente já iniciaram o processo de retirada de cidadãos que estavam no Sudão. O Reino Unido, por exemplo, já transportou cerca de mil pessoas para o Chipre em voos da Força Aérea Real Britânica. O governo do país ainda pediu para que os remanescentes deixam o território sudanês assim que possível.  

Já os Estados Unidos disseram que um número relativamente pequeno de americanos está tentando deixar o Sudão no momento. No entanto, a Casa Branca não descartou a possibilidade de uma evacuação militar por mar. "Estamos trabalhando em estreita colaboração com o Departamento de Estado para identificar o número de americanos que querem deixar o Sudão. As indicações que temos é que esses números são relativamente pequenos. No entanto, reconhecemos que isso pode mudar rapidamente", disse o brigadeiro general Patrick Ryder.  

Brasileiros  

Sete brasileiros que conseguiram deixar o Sudão em meio ao conflito no país desembarcam no Rio de Janeiro na manhã desta sexta-feira (28). O grupo, que saiu do Egito, chegaria nesta quinta (27) à capital fluminense. No entanto, o voo que saiu do Cairo, capital do país, atrasou, e o grupo perdeu a escala de Londres para o Brasil.  

A funcionária da embaixada brasileira no Sudão e os 6 jogadores e integrantes da comissão técnica do Al-Merrikh estão em uma verdadeira peregrinação para conseguir voltar ao Brasil.  

Outros dois jogadores do Al-Merrikh e um fisioterapeuta do clube sudanês que estavam com o grupo conseguiram pegar voos para São Paulo e Minas Gerais, com desembarque nesta quinta.  

Os 10 brasileiros estão há cinco dias viajando. Eles saíram juntos de Cartum, capital do Sudão, no último domingo (23) em direção ao Egito, para conseguir fugir do conflito armado entre o exército do país e um grupo paramilitar. De Cartum até a cidade egípcia Assuã, foram 24 horas de viagem em um ônibus e mais 20 horas de espera para entrar no país, sem alimentação. Após entrarem no Egito, o grupo pegou um voo até o Cairo e, de lá, embarcou rumo ao Brasil.