Ministros do STF se posicionam após atentado em Brasília

Polícia Federal investiga como suspeito obtinha dinheiro para se manter; ataque teria sido premeditado

Rádio BandNews FM

Ministros do STF se posicionam após atentado em Brasília
Barroso
Reprodução

Após o atentado contra a sede do Judiciário na noite da última quarta-feira (13), ministros do STF se posicionam de forma contrária a anistia de envolvidos no 8 de janeiro. O presidente da Corte, Luis Roberto Barroso, e os ministros Flávio Dino, Gilmar Mendes, Dias Tóffoli, Carmen Lúcia, André Mendonça e Alexandre de Moraes – que seria alvo do atentado – lamentaram o ataque e pediram que os responsáveis sejam responsabilizados.

Na abertura da sessão do plenário nesta quinta-feira (14), Barroso criticou o que chamou de “naturalização do absurdo” e se posicionou de forma contrária aos pedidos de anistia dos envolvidos nos ataques de 8 de janeiro de 2023, alegando que “querem perdoar antes de sequer condenar.”

Ele ainda completou o discurso alertando para a gravidade do atentado e pedindo para que todos que ataquem a democracia sejam responsabilizados pelos atos.

O ministro Gilmar Mendes defendeu que o ato não foi um fato isolado e enumerou episódios que tiveram o Supremo como alvo. Ele lembrou os disparos de fogos de artifício contra o STF em 2020, os ataques do 8 de janeiro e a bomba plantada em um caminhão que tinha como destino o aeroporto de Brasília, em dezembro de 2023.

Gilmar Mendes ainda defendeu que o episódio de quarta-feira abre espaço para debates sobre a regulação de redes sociais e sobre eventuais propostas para “anistiar criminosos”.

O ex-presidente da corte, ministro Alexandre de Moraes, agradeceu aos agentes da Polícia do STF, Polícia Federal e polícias Civil e Militar do DF. Moraes lamentou que, por questões ideológicas, o ato seja banalizado e classificado como suicídio. “No mundo todo, alguém que coloca na cintura artefatos para explodir pessoas é considerado terrorista”, declarou.

O ministro também lamentou o que classifica como “a mediocridade que também normaliza o contínuo ataque às instituições”. “Essas pessoas não são só negacionistas na área da saúde; são negacionistas do Estado Democrático de Direito, e devem e serão responsabilizadas”, concluiu.

Assim como Moraes, Dias Toffoli enalteceu o trabalho da Polícia Judiciária.

O ministro André Mendonça pediu um ambiente de paz e solidariedade para manutenção da democracia, e para que prevaleça apenas o debate de ideias. Ele ainda defendeu que a violência não traz possibilidade de construção e pacificação.

Flávio Dino criticou o movimento que atribui decisões da corte a ministros de forma individual, fazendo com que os colegiados recebam ataques diretos por decisões tomadas pelo todo.

Segundo a investigação conduzida pela Polícia Federal, Francisco Wanderley da Silva, de 59 anos, autor do crime, passou os últimos quatro meses vivendo em Ceilândia, na região administrativa do Distrito Federal.

Além do imóvel, o homem alugou um trailer que estava estacionado próximo à praça dos Três Poderes, junto a outros veículos utilizados na venda de alimentos. Segundo o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, pelo tempo que o homem ficou na região, foi uma ação planejada de médio a longo prazo. “Este trailer alugado há alguns meses estava em um ponto estratégico, nas proximidades do STF, o que nos aponta para um planejamento de longo ou médio prazo e que sinaliza para a gravidade de tudo isso”, alegou.

A PF busca agora saber como o homem se manteve durante esses quatro meses em Brasília e se ele agiu de forma solitária ou foi amparado por algum grupo.

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