Praça Pôr do Sol, no Alto de Pinheiros, vira alvo de disputa de moradores na zona oeste de São Paulo.
Parte dos vizinhos e urbanistas protestam contra a instalação das cercas e a restrição de horário por impedirem o acesso da população a um lugar público.
Já algumas associações defendem que o local seja transformado em parque para receber mais investimentos.
Conhecida como “Praça Pôr do Sol”, a Praça Coronel Custódio Fernandes Pinheiros é um dos principais espaços ao ar livre da zona oeste de São Paulo.
Com cerca de 28 mil metros quadros, o equivalente a mais de três campos de futebol, o local voltou a receber visitantes por mais tempo nesta semana: das 6 da manhã às 8 da noite.
Em abril do ano passado, quando começou a quarentena no estado, a prefeitura instalou tapumes de metal e, posteriormente, grades de proteção durante toda a extensão.
Por 15 meses, ninguém podia entrar ali para evitar aglomerações durante a pandemia.
Em agosto, a Subprefeitura de Pinheiros autorizou a reabertura, mas desde então, os portões tem horário para serem abertos e fechados.
Fernando Stein Galvão, que trabalha em logística, está animado com a ampliação do horário, mas ressalta que ainda há problemas no espaço.
“Os dois portões não permitem a entrada de cadeirante. A praça não tem piso tátil para deficientes. Falta muita coisa que poderia ter sido feita neste período”, reclama.
Mesmo antes de ser isolada, a Praça Pôr do Sol já era alvo de reclamações, como barulho alto por causa de festas durante a madrugada, presença de ambulantes irregulares vendendo bebidas alcoólicas, uso de drogas e lixos espalhados pelo local aos fins de semana.
A integrante do coletivo “Pôr do Sol sem cerca” Regina Cintra reconhece que o espaço precisa de melhorias, mas defende que a instalação de bloqueios e a restrição de horário para impedir o acesso da população a um lugar público são ilegais.
“Não adianta colocar cerca para impedir o acesso do público. Só há segregação do espaço”, disse Regina.
Urbanistas consideram que as cercas de espaços públicos podem ter o efeito de apenas deslocar os problemas de violência e consumo de drogas para outro local, em vez de dar uma solução definitiva ao problema.
Atualmente, a Promotoria de Justiça de Habitação e Urbanismo da capital tem um inquérito que investiga o cercamento do espaço, sem ter discutido com a população.
O promotor Arthur Tavares Moreira Barbosa afirma no processo que o isolamento da praça foi feito pela Prefeitura de São Paulo sem estudo para concessão do espaço para à iniciava privada.
A principal crítica às cercas é a de que o espaço estaria sendo preparado para virar um parque.
A presidente da Associação dos Amigos de Alto de Pinheiros Márcia Woods vê nesse projeto uma oportunidade de revitalizar o espaço.
“Transformar a Praça Pôr do Sol em parque é trazer melhor infraestrutura para esse espaço, porque será administrado pela Secretaria do Verde e Meio Ambiente e não mais pela subprefeitura de Pinheiros”, defende Márcia.
Em julho, a Câmara aprovou, em primeira votação, um projeto de lei com esse objetivo. Ainda é preciso uma segunda votação e, em caso de aprovação, a sanção do prefeito Ricardo Nunes.
Duas audiências públicas só foram realizadas, após a primeira votação no Legislativo.
A Prefeitura de São Paulo disse que o futuro do espaço envolve toda a sociedade e é acompanhada pela Subprefeitura de Pinheiros.
Antes de sua reabertura, a administração informa que realizou diversas obras de melhoria no local, como: reformas de equipamentos, como os brinquedos e o cachorródromo.
As calçadas e as ruas do entorno também passaram por serviços de tapa-buraco.