SP: Pacientes transplantados não encontram medicamento essencial nos postos

Desde outubro, o Micofenolato de Sódio de 360 miligramas não é entregue para quem vai até as Farmácias de Medicamentos de alto custo

Central de Ouvintes Ricardo Boechat

Ministério da Saúde garantiu que em 18 de novembro entregou 600 mil unidades ao Estado
Foto: Reprodução / Governo Federal

A falta de um medicamento de alto custo prejudica o tratamento de pacientes com rins transplantados no Estado de São Paulo.

O Ministério da Saúde não tem enviado o estoque suficiente para suprir o uso do Micofenolato de Sódio de 360 miligramas e quem faz o uso do remédio está desesperado.

Um remédio essencial para pacientes transplantados está com o estoque zerado na rede pública estadual de São Paulo.

Desde outubro, o Micofenolato de Sódio de 360 miligramas não é entregue para quem vai até as Farmácias de Medicamentos de alto custo.

O marido da aposentada Maria José Alves tem o rim transplantado e outros problemas de saúde.

Se ele não fizer o uso do fármaco, corre o risco de ter que voltar às sessões de hemodiálise, processo invasivo no qual o paciente é ligado à uma máquina que filtra e limpa o sangue.

“Já faz três dias que ele não toma o remédio. Ele tem pressão alta, diabetes, já foi amputado. Não dá para voltar para a hemodiálise”, desabafa.

Os imunossupressores, como o Micofenolato de Sódio, baixam a imunidade do organismo para que o corpo não rejeite o órgão transplantado.

Pacientes nessa condição podem levar uma vida normal, desde que tomem os remédios em dia.

A ouvinte Maria José relata que o contato com as farmácias de alto custo é quase impossível.

“A gente liga e ninguém atende. O site é horrível. A gente precisa se deslocar até as farmácias e ainda não temos informações adequadas”, conta.

Fora do SUS, o tratamento do Micofenolato de Sódio varia de dois a três mil reais por mês.

O enfermeiro transplantado Cláudio Gomes cedeu algumas unidades do medicamento para uma amiga, que também faz uso do fármaco, mas para surpresa dele, o estoque foi zerado em São Paulo.

“Eu forneci 16 comprimidos para minha amiga e depois não consegui pra mim”, reclama.

O enfermeiro relata que foi à farmácia de remédios de alto custo da Vila Mariana e não conseguiu retirar o medicamento.

De acordo com os funcionários da unidade, o motivo da escassez do Micofenolato de Sódio é porque o governo federal não tem enviado a quantidade necessária para o Estado.

“Falaram que não tem previsão de reabastecimento do remédio. A gente vive angustiado”, afirma.

Em nota, a  Secretaria Estadual de Saúde disse que a responsabilidade pela aquisição e distribuição do medicamento aos Estados é do Ministério da Saúde.

De acordo com a Pasta, apenas 25% das 3,4 milhões de unidades solicitadas foram entregues.

Além disso, o órgão estadual afirma que no trimestre anterior, o Estado de São Paulo recebeu o medicamento em parcelas, obrigando o fracionamento também da entrega.

O Ministério da Saúde confirma que a demanda de São Paulo está sendo atendida de modo parcelado, porque há dificuldades para a produção do Micofenolato de Sódio.

A última remessa com 120 mil comprimidos ocorreu no dia 11 de novembro.

Atualmente, uma alternativa a esse fármaco é o Micofenolato de mofetila de 500 miligramas.

O Ministério da Saúde garantiu que em 18 de novembro entregou 600 mil unidades ao Estado.

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