Mesmo sem ter a responsabilidade de comandar as polícias, é na mesa do prefeito que chegam muitas reclamações sobre uma questão que aflige a todos os paulistanos.
Apesar de ter poderes limitados no que diz respeito à segurança pública, o tema é tratado com prioridade em todas as discussões que envolvem a campanha eleitoral. As soluções passam pelo uso de inteligência, planejamento e também pela gestão da Guarda Civil Metropolitana.
Um dos diversos exemplos de como a violência afeta a vida e os negócios dos paulistanos foi vivido pelos sócios da rede Portal das Câmeras, que tem lojas na região central de São Paulo.
No começo de 2024, a rede, especializada em equipamentos de vídeo e segurança, se viu sem qualquer proteção. Em fevereiro, uma quadrilha de cinco assaltantes invadiu uma central de treinamento da empresa localizada na avenida Ipiranga.
Os bandidos escalaram o primeiro andar do prédio e levaram computadores e uma televisão, o que gerou um prejuízo de aproximadamente R$ 15 mil. Esse foi o segundo furto em menos de um mês cometido contra a rede de lojas.
No fim de janeiro, a porta de uma das unidades localizada na rua Santa Ifigênia foi arrombada por dezenas de ladrões que levaram boa parte do estoque da local. O prejuízo foi de R$ 400 mil e o diretor comercial do Portal das Câmeras, José Paulo Souza, diz que o ponto comercial teve que ser fechado.
Esses furtos foram apenas dois dentro do total de quase 140 mil que aconteceram desde o início do ano até agosto da cidade de São Paulo.
A questão da segurança pública é fundamental para os eleitores da capital paulista. Pesquisa do Instituto Quaest realizada em junho aponta o tema como o mais importante para 29% dos entrevistados. Isso é mais do que a saúde, educação e transporte público somados.
Apesar disso, a segurança pública não é uma questão de responsabilidade direta dos municípios e, sim, dos Estados, por meio das polícias civil e militar. De qualquer maneira, os prefeitos também são cobrados por isso e, cada vez mais, envolvem o tema nas promessas de campanha e políticas públicas.
O professor da Fundação Getúlio Vargas e integrante do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Rafael Alcadipani, diz que o município pode fazer muito a respeito. “A primeira função da Prefeitura é cuidar da organização da cidade, do ordenamento urbano, para que a cidade não seja favorável ao crime. A Prefeitura pode atuar muito, pegando, por exemplo, lugares onde há receptação de telefones celulares e retirar o Habite-Se e uma série de licenças", afirma. Nesse sentido também estão inseridas as políticas integradas no combate aos crimes cometidos dentro e ao redor na região conhecida como Cracolândia, no Centro de São Paulo.
Para além do planejamento urbano, a Guarda Civil Metropolitana exerce outro papel importante na política de segurança dos municípios. E apesar de a GCM não ter originalmente o papel de atuar como uma força de segurança pública, é assim como ela está funcionando de fato. O presidente do Sindiguardas, Márcio dos Santos, entende que esse papel pode ser prestado pela corporação, mas que ela precisa de mais efetivo e investimentos.
Ainda em relação à GCM, a próxima gestão municipal terá como desafio manter estruturada a corregedoria ativa para enfrentar desvios dentro da corporação. Vinte e seis pessoas, entre guardas e ex-guardas, são investigadas pela suspeita de integrarem uma milícia atuante na região central de São Paulo.
Propostas
A reportagem procurou os seis candidatos mais bem posicionados nas pesquisas de intenção de voto para saber quais as propostas deles para a área da segurança.
A candidata Marina Helena, do Partido Novo, defende ampliar o gasto atual em segurança no orçamento de um para três por cento do orçamento. Ela afirma que isso permitirá dobrar o efetivo da guarda, reforçando a proteção ao redor de estações de transporte e creches.
O candidato Ricardo Nunes, do MDB, diz que vai ampliar as operações preventivas e ostensivas da GCM, aumentando o efetivo da corporação em mais DOIS MIL integrantes. Ele também afirma que vai implementar e integrar o programa de monitoramento Smart Sampa para todo o sistema de câmeras de vigilância da cidade e com as forças estaduais de segurança.
A candidata Tabata Amaral, do PSB, diz que vai fazer uma parceria com as operadoras para rastrear celulares roubados e fechar os locais que os revendem. Além disso, ela promete criar uma sala de situação dentro de cada subprefeitura para monitorar o território.
O candidato José Luiz Datena, do PSDB, promete dobrar o efetivo da GCM e, com isso, reforçar o policiamento no entorno das escolas, nos locais com maior incidência de crimes e ampliar as patrulhas Guardiã Maria da Penha, de proteção às mulheres. Ele também diz que vai equipar e aumentar os salários da corporação e somar forças com as polícias e o Ministério Público.
Os candidatos Guilherme Boulos, do PSOL e Pablo Marçal, do PRTB, não responderam.