A preocupação com a chegada da variante indiana ao Brasil fez com que pelo menos sete estados encurtem o prazo para a aplicação da segunda dose da vacina contra a Covid-19. Na lista estão Pernambuco, Acre, Tocantins, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Piauí, Santa Catarina e o Distrito Federal.
A mudança se aplica às doses da Pfizer e da AstraZeneca, que podem ser usadas com até 3 meses de intervalo. Em alguns casos, o prazo foi reduzido para um espaço entre 45 e 70 dias. O objetivo é aumentar a parcela da população totalmente imunizada.
Os estudos mostraram que a eficácia é garantida com um intervalo entre aplicações de 4 a 12 semanas, como explica o infectologista Jamal Suleiman.
A medida adotada pelos estados contraria, no entanto, a indicação do Ministério da Saúde, que recomenda o tempo máximo de aplicação entre as doses.
A mudança no intervalo de aplicação está em discussão na Câmara Técnica que apoia o Plano Nacional de Imunização.
Estudos preliminares apontam que sem as duas doses, a eficácia das vacinas contra a variante Delta é menor, por isso, a redução do intervalo vem sendo adotada. A medida garantiria a plena imunização em um momento de crescimento da circulação da cepa descoberta primeiro na Índia.
SÃO PAULO
Neste domingo (12), o governo de São Paulo anunciou que não pretende, neste momento, reduzir o intervalo entre as doses da vacina da AstraZeneca contra a Covid-19, como já vem sendo feito em outros estados.
A coordenadora-geral do Programa Estadual de Imunizações, Regiane de Paula, afirma que a estratégia se baseia em estudos que apontam que, quanto mais tempo você tem, melhor a imunidade.
O presidente do Departamento de Imunização da Sociedade Brasileira de Pediatria também concordou com a medida.
Marco Aurélio Sáfadi destacou que o que motivou o Brasil a adotar o intervalo de 12 semanas entre as vacinas da AstraZeneca, mesma distância usada em países europeus e no Canadá, foi também garantir o mais rápido possível a aplicação da primeira dose no máximo de pessoas.
O médico também ressaltou que o espaço maior também garante uma produção mais eficiente de anticorpos.
O infectologista lembrou que os estudos comprovam de forma inequívoca que as primeiras doses tanto da AstraZeneca quanto da Pfizer são muito efetivas em garantir uma proteção às formas graves da Covid-19, que levam a hospitalizações e mortes.