O Senado chileno não deu prosseguimento ao processo de impeachment aberto há duas semanas na Câmara dos Deputados contra o presidente do Chile, Sebastián Piñera. Na votação desta terça-feira (16), não houve votos suficientes para dar andamento ao processo que aponta suposto favorecimento ilegal de uma empresa de mineração da família do mandatário.

Eram necessários 29 votos favoráveis ao processo, mas a oposição só conseguiu angariar 24 senadores entre os 43 representantes no Senado.

Diferente da Câmara, o processo foi dividido em dois: por violação do princípio de probidade; e comprometimento grave da honra da nação.

Na primeira votação, foram 24 votos favoráveis, 18 contrários e uma abstenção. Na segunda sessão, foram 22 votos favoráveis, 20 contrários e uma abstenção.

A votação no Senado ocorre às vésperas das eleições presidenciais, marcadas para o próximo domingo (21). A coalização de Piñera aparece na quarta posição nas pesquisas, lideradas pelo ultradireitista José Kast e pelo esquerdista Gabriel Boric.

O processo contra o atual presidente teve origem nos Pandora Papers, investigação internacional sobre a existência de off shores em paraísos fiscais. Segundo o consórcio de jornalismo investigativo, em 2010, quando Piñera estava no primeiro mandado, uma alteração numa lei beneficiou a empresa de mineração da família do mandatário. A venda da empresa seria investigada durante o processo.

A revelação do caso desgastou ainda mais a imagem do presidente de centro-direita. Durante o atual governo, protestos de rua sacudiram o Chile. Uma assembleia constituinte foi eleita e uma nova Carta Magna está sendo elaborada.