A Ucrânia concluiu o primeiro julgamento por crime de guerra durante a invasão russa no país, iniciada em 24 de fevereiro. Vadim Shishimarin, de 21 anos, é acusado de atirar em um civil desarmado. O julgamento começou na semana passada e a sentença foi divulgada nesta segunda-feira (23).
A condenação à prisão perpétua rememora um episódio de 28 de fevereiro, logo no início da incursão russa, que completa três meses nesta terça-feira (24).
Segundo a Procuradoria-Geral da Ucrânia, Shishimarin atirou de um carro contra um civil de 62 anos que andava em uma estrada com uma bicicleta ao lado e falava ao telefone na região de Sumy. Os russos estariam fugindo de soldados ucranianos.
O jovem alegou que agia sob ordens de um outro soldado “desconhecido” que estava no carro durante a fuga e não era seu comandante.
Ao longo do julgamento, o acusado reconheceu o crime e pediu desculpas à esposa da vítima: "Sei que você não poderá me perdoar, mas, mesmo assim, peço perdão", disse o soldado.
O advogado de Shishimarin, Viktor Ovsyannikov, afirmou que irá recorrer da decisão. O defensor disse que a Ucrânia precisa mostrar que “é um país diferente” e declarou ao jornal americano New York Times ser “importante preservar os direitos humanos”, em uma crítica à prisão perpétua.
Em vídeo publicado pelas autoridades ucranianas, Shishimarin aparece dizendo que foi lutar na guerra para "apoiar financeiramente a mãe".
A conclusão do primeiro julgamento por crimes de guerra é um teste para o sistema judicial do país. Até o momento, cerca de 10 mil suspeitos de práticas parecidas foram identificados na Ucrânia.