Termina nesta terça-feira (27) o referendo russo sobre a incorporação de quatro regiões da Ucrânia ao território do país de Vladimir Putin. Desde sexta-feira da semana passada (23), a população de Donetsk, Luhansk, Zaporíjia e Khelson é perguntada se aceita o domínio da Rússia na área tomada pelo Kremlin na guerra iniciada em fevereiro.
As regiões no leste e no sul da Ucrânia representam cerca de 15% do solo ucraniano e uma anexação pela Rússia criaria um corredor terrestre entre a fronteira atual do território russo com a Crimeia, península tomada por Putin em 2014.
O referendo é rejeitado por Volodymyr Zelensky, o presidente ucraniano, e não deve contar com o reconhecimento da comunidade internacional. Nesta segunda (26), Zelensky disse que a tomada de territórios pelos russos inviabilizaria qualquer tentativa de negociação para encerrar o conflito.
O governo da Ucrânia também denúncia ilegalidades na votação, como coação para votar pela anexação e o uso de crianças no processo eleitoral. Não está claro como será a apuração dos votos e nem os próximos passos de Putin.
Parece certo para analistas internacionais de que aprovada a anexação do território, o Kremlin aumente a presença militar na região, até para evitar uma contraofensiva ucraniana.
Na semana passada, o governo russo anunciou a convocação de 300 mil reservistas para reforçar as tropas na linha de combate. A medida tem gerado protestos no país e uma corrida para a fronteira.
Os ucranianos, enquanto isso, seguem no enfrentamento direto para reconquistas áreas perdidas. O avanço das tropas na região de Kharkiv, uma das principais cidades próximas da fronteira com a Rússia, tem elevado a moral dos militares, que contam ainda com armamento pesado fornecido pelo Ocidente, em especial pelos Estados Unidos.
Uma possível anexação das quatro áreas dominadas pelos russos pode levar a uma escalada do conflito, uma vez que qualquer ataque nas regiões seria interpretado como um ataque à Rússia. Caso isso ocorra, a expectativa é de uma declaração oficial de guerra, que poderia aumentar ainda mais a presença russa na Ucrânia.
Atualmente e desde o início do conflito, Vladimir Putin insiste que está em uma operação militar especial para libertar a Ucrânia. O termo guerra é proibido, o que gera conflitos e prejudica ao mundo conhecer as reais intenções do mandatário russo.