A seleção brasileira inicia nesta semana o primeiro período de atividades depois de seis anos e meio sem Tite. Treinador da equipe principal nacional durante as últimas duas Copas do Mundo, o gaúcho encerrou o vínculo com a CBF em janeiro.
Sábado (25), Data Fifa, o interino Ramon Menezes estará à frente de um jovem grupo, que vai desafiar o Marrocos, em Tânger. Tudo sob a supervisão de Ricardo Gomes.
O ex-zagueiro do próprio Brasil - capitão em 1990, no Mundial da Itália - foi convidado pelo presidente Ednaldo Rodrigues para ser o coordenador técnico neste período inicial. Ele já tinha estado no Catar como observador. E tem lugar de fala.
"O Tite vai ter o convite de um grande clube europeu. Ele fez um belo trabalho, na minha visão, e de muitos. Só que se não tem resultado por aqui, é um grande complicador. Mas não na cabeça dos dirigentes europeus", avalia Gomes.
"Eu participei de muitas reuniões e posso garantir que foi um grande trabalho. Era tudo muito bem organizado. Me lembra muito a trajetória do Telê Santana na seleção, que bateu na trave em 1982, e depois em 1986. Eu só tenho elogios e não mudaria nada do que foi feito", completou.
Tite somou 81 jogos: 60 vitórias, 15 empates e seis derrotas. Conquistou a Copa América, em 2019, e foi eliminado duas vezes nas quartas em Mundiais - na Rússia e no Catar.
A bola da vez, por ora, é Ramon, alçado do sub-20. "Mérito, ele chegou por méritos, e não por favores", afirma o coordenador, que exaltou a conquista do Sul-Americano da categoria, mesmo com muitos desfalques na equipe considerada ideal.
Gomes vê uma safra de atletas talentosa. Sobre os treinadores, não fecha as portas para estrangeiros. Mas entende que o país é capaz de oferecer alternativas "caseiras".
"O mais importante é a competência, independentemente da nacionalidade. Não temos esta cultura (estrangeiros na seleção), e temos por aqui excelentes treinadores capazes de assumir o time, assim como o Tite", conclui Gomes.
Nesta entrevista à BandNews FM, o ídolo de Bordeaux e Benfica falou também sobre o "frio na barriga" de encarar os melhores africanos da última Copa e do que achou sobre o novo formato da competição a partir de 2026, com mais times.