A Reitoria da Universidade do Estado do Rio de Janeiro vai se reunir na tarde desta sexta-feira (23) com representantes dos estudantes, que seguem com a ocupação no principal pavilhão do campus Maracanã, na Zona Norte do Rio. Os alunos protestam contra o corte de auxilíos.
Desde o início do mês, o reitorado vem sendo criticado pelos alunos, principalmente após a instituição anunciar cortes financeiros nas bolsas de assistência. A mudança passou a valer neste mês.
A Reitoria vai apresentar novamente as três propostas que foram feitas aos manifestantes. A primeira é a oferta de uma bolsa mensal temporária por quatro meses que começaria em setembro. O valor seria de R$ 400.
Outra medida falada pela direção da Uerj diz respeito a implementação de tarifa zero nos restaurantes universitários ((e a criação de um grupo de trabalho para identificar alunos que entraram na instituição pelo sistema de "ampla concorrência" com perfil de estudantes que passaram pelo sistema de cotas. A transferência garantiria a bolsa permanência, prevista na Lei Orçamentária Anual da Uerj.
As propostas valeriam para os estudantes que foram afetados com o anúncio de cortes financeiros nas bolsas de assistência.
A nova determinação reduz o auxílio para alunos com renda familiar bruta de até meio salário mínimo. Até julho, a bolsa era concedida para quem recebia até um salário mínimo e meio.
O movimento estudantil ocupa as salas da reitoria da universidade há três semanas. Na noite de terça-feira (20), parte dos alunos colocou os móveis da instituição nos acessos ao campus. Os objetos continuam impedindo a entrada e saída de pessoas. A Uerj suspendeu as atividades acadêmicas e administrativas.
O calendário acadêmico segue mantido e é avaliado diariamente pela Reitoria. No final de julho, salas chegaram a ser depredadas e paredes pichadas pelos estudantes.
Parte dos estudantes defende a extensão do calendário de aulas, após o fim da ocupação.
Uma sindicância já tinha sido aberta pela Uerj para manter a universidade em funcionamento.
Durante uma coletiva de imprensa realizada nesta quinta-feira (22), a Reitoria admitiu que, mesmo com o corte de bolsas, a universidade precisa de R$ 50 milhões até o final do ano para garantir o pagamento da política de assistência estudantil. O orçamento nesse setor estava zerado no mês passado, segundo a universidade.
A Uerj classifica como "sequestro" a nova ocupação dos estudantes. Nesta quinta (22), a reitora Gulnar Azevedo criticou a condução dos manifestantes durante as negociações.
Na terça-feira (20), a reunião do Conselho Universitário da Uerj terminou em confusão. A sessão foi encerrada devido a falta de segurança para a continuação do encontro. Um conselheiro e um membro da equipe da Reitoria foram agredidos, segundo a instituição. Os dois registraram o caso na Polícia Civil. Além disso, um estudante de pedagogia afirma ter sido agredido.
De acordo com a Uerj, os manifestantes invadiram o plenário para impedir a saída dos conselheiros. Segundo os estudantes, a reunião teria sido suspensa no momento da votação do Ato Executivo de Decisão Administrativa (AEDA) 38/2024, que definiu novas regras de concessão de bolsas de assistência.
Na semana passada, os estudantes chegaram a fechar parcialmente a Rua São Francisco Xavier para uma manifestação. A Uerj chegou a suspender as aulas por um dia.