Reino Unido pagou R$ 23 mil a brasileiros 'ilegais' que aceitaram retornar ao Brasil

Colunista analisou a informação divulgada pela imprensa britânica de que voos secretos realizaram a deportação de mais de 600 brasileiros; Itamaraty falou em "consentimento" e "retorno voluntário"

O colunista Felipe Kieling, da BandNews FM, detalhou o funcionamento do programa de voluntariado para deportações promovido pelo Reino Unido. A ação foi destaque na imprensa internacional durante o fim de semana após o jornal britânico The Guardian publicar que mais de 600 brasileiros foram alvos de deportações em "voos secretos". Destas centenas de deportados, 109 eram crianças.

Segundo o correspondente, trata-se de um programa de retorno voluntário que já existe "há bastante tempo". "A primeira matéria que fiz [sobre o tema] foi em 2016, mas esse programa existe a mais tempo", explicou.

Atualmente, os brasileiros aparecem na terceira colocação entre as populações que mais aderiram ao programa de retorno voluntário. À frente, aparecem apenas albaneses e indianos.

"Funciona da seguinte forma: você está ilegal por aqui e resolve retornar ao seu país de origem pelo motivo que seja. O governo britânico paga a passagem de volta e ainda te dá três mil libras - cerca de R$ 23 mil - por meio de um cartão que pode ser ativado quando você retorna ao seu país de origem. Isso vale até para bebês", disse.

"Imagine uma família de quatro pessoas, que vive na ilegalidade. Muitas vezes, estão no subemprego, com dificuldades, custo de vida altíssimo. E surge essa proposta de pagar a passagem da família e mais 12 mil libras - pouco mais de R$ 90 mil. É uma boa grana para a pessoa voltar e se reestabelecer", completou.

Ao ser questionado, o Itamaraty não tratou de um programa forçado e afirmou que o "Reino Unido propôs organizar voos de retorno voluntário ao Brasil (...) para brasileiros inscritos no Programa de Retorno Voluntário (Voluntary Returns Service - VRS, em sua sigla em inglês)".

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