Reeleito para mais cinco anos de mandato, o presidente da França, Emmanuel Macron, já olha para as eleições legislativas de junho como a próxima batalha do novo governo. Reconduzido ao Palácio do Eliseu neste domingo (24), o francês fez um discurso pregando união e dizendo-se o presidente de todos os franceses. O aceno para a direita e a esquerda, segundo analistas, busca angariar alguns votos na fragmentada sociedade que sai das urnas desmotivada.
A abstenção neste domingo bateu recorde e foi a maior em décadas. Embora o voto não seja obrigatório, os franceses são considerados bastaste politizados. Cerca de 35 milhões de eleitores compareceram nas urnas, com 28,2% de ausentes.
Os resultados indicam que Macron obteve 58% dos votos válidos, contra 42% de Marine Le Pen, candidata da extrema-direita.
O embaixador Sérgio Amaral avalia que a vitória de Macron coloca fim em um discurso populista que ganhava tração na Europa e afirma que a União Europeia também saiu vencedora do pleito.
Emmanuel Macron é um presidente considerado de centro-direita, que chegou ao poder aos 39 anos (o mais novo eleito na França), em 2017, após criar o partido Em Marcha. Com a reeleição, ele consegue um feito que há 20 anos não era visto no país.
Com um discurso de fortalecimento da Europa, das políticas de reformas econômicas e apostando em uma “revolução ecológica”, Macron dá um basta nas ideias xenófobas, anti-imigração e anti-islã, da extrema-direita. Embora Marine Le Pen tenha assegurado a votação mais expressiva para esta faixa do eleitorado nos últimos anos.
A candidata derrota suavizou o discurso extremista e apostou na redução do poder de compra dos franceses para conquistas votos. Representante da Frente Nacional, ela pediu que os apoiadores deem uma resposta nas eleições legislativas de junho ao presidente reeleito.
Com um discurso pró-globalização e com pautas que desagradam sindicatos, como o aumento da idade mínima da aposentadoria, Macron deve enfrentar dificuldades para conquistar uma maioria na Assembleia Nacional (espécie de Câmara dos Deputados), na opinião do professor de Relações Internacional das Faculdades Rio Branco e cientista político, Pedro Costa Júnior.
O especialista afirma que o presidente reeleito terá dificuldades em dialogar com os polos do espectro político francês e terá que resolver questões internas para conquistas apoios, antes de se voltar para a discussão internacional da guerra entre Rússia e Ucrânia e um fortalecimento da União Europeia.
A eleição legislativa, que define a maioria no parlamento francês, será entre os dias 12 e 19 de junho.
REPERCUSSÃO INTERNACIONAL
Os principais líderes da União Europeia parabenizaram Macron pela vistoria deste domingo (24).
O primeiro-ministro da Alemanha, Olaf Scholz, disse que os franceses deram um voto de confiança à Europa.
Já o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, disse: “Podemos contar com a França por mais cinco anos”.
O bloco europeu ainda se reestruturo após a saída do Reino Unido, que deixou de fazer parte da Comissão Europeia depois do Brexit, finalizado em 2021.
O presidente dos Estados Unidos parabenizou Macron e disse que a França é um importante parceiro dos americanos, com quem pretende discutir a situação da guerra entre Rússia e Ucrânia.
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse no Twitter que Macron é um “verdadeiro amigo da Ucrânia” e completou falando em uma “Europa forte e unida”.