Quatro anos após o assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, a pergunta sobre quem foi o mandante do crime ainda não tem uma resposta. No dia 14 de março de 2018, as vítimas foram executadas a tiros no Estácio, no centro da capital fluminense. Foram pouco mais de 10 disparos no carro em que os dois estavam.
Nesta segunda-feira (14), uma série de manifestações acontece em diferentes pontos do Rio de Janeiro para cobrar uma solução para o crime.
No fim de semana, o Ministério Público do Rio informou que voltou a ouvir novos depoimentos e a reexaminar celulares que foram apreendidos durante as investigações, com o uso de tecnologias mais modernas.
Somente na última terça-feira (8), o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado recebeu 1.300 imagens da Polícia Civil. Procurada a respeito da demora para a entrega, a corporação disse que o material sempre esteve disponível nos autos e poderia ter sido acessado pelo Ministério Público a qualquer momento. O MP foi questionado novamente, mas ainda não respondeu.
A falta de informações sobre quem mandou matar e qual a motivação do crime angustia as famílias a cada dia que passa. A mãe de Marielle, Marinete Silva, diz que revive a mesma dor todos os anos.
O policial militar reformado Ronnie Lessa e o ex-PM Élcio de Queiroz estão presos, desde 2019, acusados de serem os executores do crime. Os dois ainda vão a júri popular.
Nos últimos anos, o comando das investigações passou por diversas mudanças. Há cerca de um mês, o delegado responsável foi trocado pela quinta vez. Em julho do ano passado, duas promotoras pediram para sair do caso alegando apenas interferências externas. A diretora executiva da Anistia Internacional Brasil, Jurema Werneck, vê as modificações com preocupação.
Na quarta-feira passada (9), familiares de Marielle Franco e de Anderson Gomes, além de membros de entidades de direitos humanos, se reuniram com autoridades responsáveis pelas investigações na Delegacia de Homicídios da Capital para cobrar respostas.
No dia seguinte (10), o Comitê Justiça Por Marielle e Anderson e os familiares se encontraram com o ministro do Superior Tribunal de Justiça Rogerio Schietti para saber do andamento e pedir celeridade no julgamento do agravo apresentados pela defesa de um dos réus. Os advogados questionam a decisão do Tribunal de Justiça do Rio de levar o caso para o Tribunal do Juri.