Professora se emociona e deseja que agressor encontre “um anjo que cuide dele”

Em entrevista à BandNews FM, a educadora Ana Célia Rosa, que foi atingida por facadas, relembrou momentos do ataque, falou que tem vontade de voltar a dar aula e reiterou a necessidade de acompanhamento psicológico para professores e alunos

BandNews FM

A professora Ana Célia Rosa, uma das educadoras feridas após o ataque de um aluno em escola estadual de São Paulo, afirma que pretende voltar a dar aula, relembra os fatos da última segunda (27) e elenca iniciativas para prevenir novas tragédias

Em entrevista exclusiva à BandNews FM nesta quarta-feira (29), a profissional se emocionou ao relembrar o episódio. De acordo com ela, o agressor não era constantemente notado por causar problemas, mas havia se envolvido em uma confusão com um outro estudante na semana anterior. 

Ao contar sobre o ocorrido, a docente afirma que a ação aconteceu de maneira rápida. Ana Célia diz que estava na sala dos professores e que Elisabeth Tenreiros havia pedido para que ela pegasse o computador para o início da aula.

 Enquanto retornava à sala de aula, a educadora conta que já ouviu os gritos. “Quando eu voltei eu ouvi um grito do aluno ‘a professora Beth, a professora Beth’, mas eu não entendi o que tinha acontecido”, explicou.

De acordo com Ana Célia, na semana anterior ao ataque, Elisabeth estava com um quadro de gripe e, ao ouvir os gritos dos estudantes, pensou que a colega poderia ter passado mal. “Quando eu cheguei lá perto ela já estava caída. Quando eu vi o sangue levantei correndo para pedir ajuda”, afirmou a profissional, mas a colega de 71 anos não resistiu.

A professora da Escola Estadual Thomazia Montoro diz que não entendeu o que estava acontecendo e não percebeu que o aluno era o agressor. Ela fala que, ao encontrar o menino de 13 anos, ele a atacou. “Ele machucou a minha perna, levei umas quatro facadas na perna, que é onde está mais dolorido. Machuquei o dedo indicador e a cabeça.”

Questionada sobre os momentos após o ataque, ela confirma que toda a ação durou pouco menos de um minuto e chamou atenção para a necessidade de preparo psicológico.

“Nós, professores, por mais que a gente queira, a gente não tem suporte psicológico. A gente vê que o aluno não está bem, mas não conseguimos pensar que ele pode fazer uma tragédia tão grande”, enfatizou. Ao longo da entrevista, a educadora se emocionou ao lembrar dos fatos e disse que espera que o menor apreendido “encontre um anjo para cuidar dele”.

Quando foi perguntada sobre formas de prevenir ataques futuros, ela reitera a importância das instituições de ensino e fala que é fundamental olhar “além do muro da escola”. Segundo a professora, é essencial que as escolas tenham acompanhamento de um psicólogo. “Às vezes, o agressor só precisa de uma palavra de amor”, avaliou.

Apesar da tragédia, Ana Célia se caracteriza como uma pessoa “muito forte” e fala que tem vontade de voltar a dar aula. “Não vou desmoronar, eu quero continuar a minha luta. A gente pode não mudar o mundo, mas se eu conseguir melhorar um pouquinho lá na escola Thomazia Montoro é bom”, concluiu.

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