O primeiro-ministro da Itália anunciou nesta quinta-feira (14) que renunciaria após a saída do Movimento 5 Estrelas da coalizão que o mantém cargo. Mario Draghi se reuniu com o presidente do país, Sergio Mattarella, que não aceitou a renúncia e pediu que o premiê se reunisse com o Parlamento. A situação inusitada inicia uma crise política no país, que pode desencadear em uma nova eleição.
Caso o ex-presidente do Banco Central Europeu decida de fato deixar o posto de primeiro-ministro, existe a possibilidade de indicação de um novo premiê para cumprir um mandato tampão, até 2023, ou a convocação de uma nova eleição parlamentar para escolha do novo premiê. Em 22 anos, a Itália teve 10 ocupantes no cargo máximo, uma alta rotatividade para os padrões europeus.
A instabilidade começou após Draghi ter perdido o apoio do M5S em uma votação no Parlamento. O partido foi contrário ao pacote de ajuda econômica de € 17 bilhões para combater a alta dos preços das matérias-primas e da energia.
Mesmo assim, o premiê conseguiu o apoio de 172 parlamentares, contra 32. O resultado mostra que Draghi mantém maioria no Parlamento, mesmo após 17 meses no mandato.
O primeiro-ministro disse em entrevista que não faz sentido continuar no governo sem o apoio do maior partido da coalização que o sustenta.
Não está claro quando o primeiro-ministro se encontraram com parlamentares seguindo a orientação do presidente, mas ainda não houve uma carta oficial de renúncia apresentada ao Parlamento.
A Itália tem sofrido nos últimos anos com a fragilidade econômica e viu os preços dispararem com a guerra na Ucrânia.
A imprensa italiana já especula o nome de Giuliano Amato, presidente da Corte Constitucional, para ocupar o posto de primeiro-ministro, caso Mario Draghi entregue o cargo como prometeu e Sergio Mattarella não o consiga convencer a permanecer.
A Itália tem eleições marcadas para 2023, o adiantamento do pleito pode atrasar a votação do Orçamento para o próximo ano. Pesquisas atuais indicam que o partido M5S tem muito a perder com um novo pleito agora. Após eleger a maior bancada, a legenda aparece em quarto na preferência do eleitorado.