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Presidente do Uruguai se diz surpreso após declarações de Lula sobre Venezuela

Lacalle Pou participa da cúpula de presidentes da América do Sul em Brasília

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Presidente do Uruguai se diz surpreso após declarações de Lula sobre Venezuela
Foto: Divulgação/Ricardo Stuckert

O presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, afirmou nesta terça-feira (30) que ficou “surpreso” ao ouvir do presidente Lula que é uma “narrativa” tratar a Venezuela como uma ditadura. Ele não citou o brasileiro, que deu essas declarações no pronunciamento conjunto ao lado do ditador venezuelano, Nicolás Maduro, que chegou a Brasília um dia antes da cúpula de presidentes da América do Sul.

“O Maduro sabe a narrativa que construíram contra a Venezuela durante tanto tempo, essa narrativa durante muitos anos o [assessor especial da Presidência e ex-chanceler] Celso Amorim andava pelo mundo explicando que não era do jeito que as pessoas diziam que era”, disse Lula, na ocasião.

As críticas do uruguaio foram durante uma reunião fechada. No entanto, apesar de ser um encontro reservado, Lacalle Pou transmitiu o momento em uma live.

Organismos internacionais, como a ONU e a Anistia Internacional reforçam violações dos direitos humanos cometidas na Venezuela, que é suspeita de crimes contra a humanidade. De acordo com essas entidades, são constantes as agressões a ativistas de direitos humanos, jornalistas e líderes indígenas. A estimativa é que pelo menos 300 pessoas tenham sido presas por questões políticas no país. A Venezuela convive com altos índices de inflação, de pobreza e de desemprego.

O encontro reúne 11 dos 13 chefes de Estado do continente. A presidente do Peru, Dina Boluarte, não compareceu, e enviou o presidente do conselho de ministros do país, Alberto Otárola, e o líder da Guiana Francesa, também ausente, é o presidente francês Emmanuel Macron.

Apesar das farpas, Lula defendeu a integração dos países sul-americanos e defendeu que o caminho para isso passa pela Unasul, bloco fundado em 2008 pelo venezuelano Hugo Chávez com a intenção de contrapor o domínio dos Estados Unidos na região. "A América do Sul tem diante de si mais uma vez a oportunidade de trilhar o caminho da união, e não é preciso recomeçar do zero, a Unasul é um patrimônio coletivo", declarou o brasileiro no discurso de abertura do evento. O brasileiro disse ainda que os interesses que unem os países "estão acima de divergências ideológicas".

12 dos 13 países do continente chegaram a fazer parte do bloco, mas, em 2018, em um movimento conjunto, os governos de Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Peru e Uruguai decidiram suspender a participação, em um aceno aos Estados Unidos. O governo brasileiro pretendia relançar a Unasul, mas existe hoje resistência de outros países do continente, que consideram o organismo guiado exclusivamente por ideologia.

Moeda comum

O presidente Lula voltou a defender, durante a cúpula, que seja adotada uma moeda comum para transações dentro da América do Sul.

O brasileiro afirmou que a reunião foi um passo para a "determinação de redefinir uma visão comum e relançar ações concretas para o desenvolvimento sustentável, a paz e o bem-estar das populações". O presidente disse ainda que, durante o mandato do ex-presidente Jair Bolsonaro, as relações foram interrompidas por um líder negacionista: "Um governo que rompeu com os princípios que regem a nossa política externa e fechou nossas portas a parceiros históricos. Nosso país optou pelo isolamento do mundo e do seu entorno".

Lula propôs a mobilização de bancos de fomento do continente, como BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), CAF (Banco de Desenvolvimento da América Latina) e Fonplata (Fundo Financeiro para Desenvolvimento da Bacia do Prata).