Eduardo Paes decretou nesta sexta-feira (02) proibição do uso de celulares e outros dispositivos tecnológicos em todo o ambiente escolar, inclusive durante os intervalos. A medida também vale no caso de trabalhos individuais ou em grupo, mesmo fora da sala de aula. Os equipamentos devem ser guardados na mochila do próprio aluno, desligado ou em modo silencioso.
A medida ocorre após um mês de consulta pública. Das 10 mil respostas enviadas pela população, 83% foram favoráveis à proibição dos aparelhos durante todo o horário escolar, 11% foram pela proibição parcial e 6% contra a medida.
O secretário municipal de Educação, Renan Ferreirinha, conta que muitos professores têm notado sinais de ansiedade entre os alunos devido à exposição excessiva às telas.
“Estamos vivendo uma verdadeira epidemia de distrações. Inclusive as crianças. Temos notado diferentes casos de crianças que estão muito ansiosas, até depressivas porque não conseguem desgrudar da tela de um celular. Isso é muito sério”, afirma o chefe da pasta.
O pediatra Daniel Becker ressalta que os celulares no ambiente escolar dificultam a concentração dos estudantes.
“O celular transtorna a possibilidade de aprendizado, fragmenta a atenção, por ser muito atraente, vicia a criança, então a criança fica com desejo de ficar vendo o celular, fica pensando naquilo.”
A juíza da Vara da Infância e da Juventude da Capital, Vanessa Cavalieri, que estuda o assunto, afirma que o uso dos celulares atrapalha o relacionamento entre os alunos e ainda favorece os casos de bullying.
“Atualmente na escola onde o celular tem o uso celular liberado, os alunos pararam de conviver uns com os outros, de ter relacionamento, criar vínculos de afeto e passaram a conviver apenas com o celular isso faz com que se perca a sensação de pertencimento, a empatia, prejudica o desenvolvimento de habilidades socioemocionais nos alunos. Isso favorece o bullying e um ambiente onde não se preza a urbanidade e o respeito mútuo", comenta Vanessa.
No ano passado, a Prefeitura já havia proibido o uso do celular, mas apenas dentro de sala de aula. O município alega que a decisão foi tomada com base em diversos estudos, como um desenvolvido pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico, responsável pelo Programa de Avaliação Internacional de Estudantes, o Pisa, em que 45% dos alunos relataram nervosismo ou ansiedade se os telefones não estivessem por perto e dois terços se sentiram distraídos pelos dispositivos em algumas aulas.
As aulas começam na próxima segunda-feira (05) e o mês de fevereiro será considerado de conscientização e adaptação. A partir de março, caso algum estudante descumpra a determinação, o professor poderá advertir o aluno ou impedir o acesso, além de acionar a diretoria da escola.
O celular só poderá ser usado antes do início da primeira aula ou após o fim da última aula do dia, desde que fora da sala de aula, para que o aluno possa se comunicar com os responsáveis. Os aparelhos também serão autorizados para fins pedagógicos, com autorização do professor, e para os alunos com deficiência ou condições de saúde que exijam os dispositivos para monitoramento ou auxílio.