Postos de saúde de São Paulo têm negado vacina para quem procura a CoronaVac no período da tarde.
Moradores de diferentes regiões entraram em contato com a “Central de Ouvintes” da BandNews FM para relatar que funcionários estão controlando os estoques para evitar perdas de doses.
O jardineiro Rafael Jesus de Souza foi à UBS Vila Sônia, na última quarta-feira, para tomar a segunda dose da Coronavac.
Ele chegou ao posto às três e meia da tarde, portanto deveria ter sido vacinado, já que a campanha na Capital Paulista é feita entre sete da manhã e sete da noite. Mesmo faltando três horas e meia para o fechamento do posto, Rafael foi dispensado.
“Mandaram eu voltar no dia seguinte de manhã, porque não tinham mais pessoas para tomar a vacina naquele horário. Então, ainda não tomei a vacina”, afirma.
Procurada, a Secretaria Municipal de Saúde disse que irá convocar o Rafael para a aplicação da segunda dose. Mas, o caso dele não é isolado.
O farmacêutico Danilo Marques, que mora na zona oeste, também enfrentou dificuldades para tomar a segunda dose da Coronavac.
“Eu fui em três UBSs da zona oeste e os atendentes não quiseram me vacinar à tarde. Até enviei e-mail para a ouvidoria da saúde, mas pelo menos fui vacinado”, conta.
Recentemente, a “Central de Ouvintes Ricardo Boechat “trouxe relatos de ouvintes da região metropolitana, onde as cidades estavam “controlando” as aplicações para evitar as perdas de vacinas e, portanto, limitando o horário da campanha.
Um enfermeiro, que trabalha num posto da zona sul, confirma a prática de reservar as doses.
Segundo o relato deste profissional, que prefere não ser identificado, quem abre os frascos à tarde avalia a demanda do público, porque pode sofrer sanções administrativas em caso de perdas de imunizantes.
“A orientação é não desperdiçar doses, então, a gente não pode abrir frascos no meio da tarde, porque a procura caiu muito. No caso da CoronaVac, vários postos não deixam os funcionários abrirem, porque senão somos punidos e podemos até perder nossos empregos”, revela.
De acordo com o Instituto Butantan, responsável pela produção da CoronaVac no Brasil e importação da vacina da China, cada frasco do imunizante contém quantidade suficiente para a extração de dez doses.
Em caso de sobras, a recomendação na bula é que seja feito o descarte dos frascos que tenham conteúdo abaixo de 0,5 mililitros.
Ainda, segundo o Butantan, o frasco da CoronaVac aberto não utilizado deve ser jogado fora em um prazo maior do que 8 horas.
A Prefeitura de São Paulo informa que todas as Unidades Básicas de Saúde são orientadas a realizar a vacinação com um esforço de evitar desperdício de imunizantes.
A Coordenadoria Regional de Saúde lamentou os casos citados pela reportagem e prometeu reforçou a campanha nos postos de saúde apontados pela BandNews FM.