Ao menos 5 pessoas negras são mortas pela polícia todos os dias no Brasil, segundo o relatório "Pele Alvo: a cor que a polícia apaga", divulgado nesta quinta-feira (17) pela Rede de Observatórios da Segurança. O levantamento utilizou dados de 2021.
Ainda de acordo com o relatório, de todos os mortos pela polícia em todo o ano passado mais de 65% eram negros.
Esses números, já altos, podem ser ainda maiores porque entre as 3.290 mortes provocadas por policiais 12% não tiveram a cor da vítima informada.
O coordenador do Observatório da Segurança da Bahia, o pesquisador Dudu Ribeiro, diz que os dados evidenciam o racismo nas ações policiais e defende que a estrutura da Segurança Pública seja repensada com urgência.
Ribeiro aponta um aumento na violência policial contra negros ao longo dos anos e acredita que a premissa de guerra às drogas é uma das principais responsáveis por esse cenário.
Assim como em 2020, a Bahia registrou o maior porcentual de pretos e pardos que morreram pelas mãos de policiais entre todos os estados: 98% do total. Em Salvador, apenas um morto, dentre os 299, era branco.
Dudu afirma que os dados mostram como a Bahia distribui possibilidades de vida e de morte a partir do racismo, o que está relacionado com as políticas públicas vigentes no estado.
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública do estado afirmou que realiza operações policiais "observando critérios como mancha criminal (número de ocorrências policiais), ações de inteligência que identificam possíveis grupos criminosos e também denúncias".
A pasta também afirma que não existe qualquer tipo de direcionamento relacionado à raça ou condição social e os policiais são treinados "para preservar vidas e que todos os casos de confrontos, principalmente aqueles com resultado de morte, são rigorosamente apurados pelas Corregedorias".
Em números absolutos, o estado do Rio de Janeiro fica na liderança da violência policial, com 1.060 mortes de pessoas negras.
A Rede de Observatórios monitorou 7 estados para o levantamento: Bahia, Ceará, Maranhão, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro e São Paulo.
Os dados foram obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação, junto aos governos estaduais. O Maranhão foi o único estado que não enviou os números à entidade.