A Polícia da Argentina investiga os motivos que levaram um brasileiro a tentar matar a vice-presidente do país, Cristina Kirchner, na noite de quinta-feira (01). Horas após o ocorrido, policiais fizeram uma varredura na casa de Fernando Andrés Sabag Montiel, de 35 anos, e encontrou cerca de 100 balas para o revólver calibre 38. A arma utilizada no ataque estava carregada e engatinhada, mas falhou.
As autoridades não descartam nenhuma hipótese sobre a motivação do crime e existem algumas informações contraditórias envolvendo o caso. Segundo a polícia, o homem responsável pelo ataque tem tatuagens ligadas ao nazismo. O endereço fornecido à polícia do acusado não corresponde ao correto.
O presidente Alberto Fernandez decretou feriado nacional nesta sexta-feira (2) para que a população pudesse se solidarizar com a ex-presidente. Ele ainda convocou uma reunião de gabinete na Casa Rosada para discutir a violência política e tentativa de assassinato da companheira de mandado.
A Polícia Federal argentina já bloqueou as redes sociais do suspeito, que está preso no bairro de Palermo e deve ser apresentado a um tribunal argentino para prestar depoimento ainda nesta sexta.
A imprensa argentina questiona como a segurança de Cristina permitiu a aproximação de um homem armado nas redondezas do apartamento no bairro Recoleta, em Buenos Aires. A segurança da vice-presidente é reforçada e conta com cerca de 100 agentes para manter a integridade da política.
Como consequência do ataque e ao feriado nacional, a Associação Argentina de Futebol anunciou a suspensão das partidas que aconteceriam nesta sexta-feira. Em nota, a AFA "expressa todo seu repúdio pelo que aconteceu" e ainda que faz "um chamado à sociedade advertindo que a violência de qualquer ordem nunca é o caminho".
A tentativa de homicídio acontece em meio a tensões políticas envolvendo o nome de Cristina Kirchner. Neste mês, o Ministério Público pediu 12 anos de prisão para a vice-presidente, por crimes de corrupção.
A situação política e fiscal também mexe com a sociedade argentina. Cristina e Fernandez têm divergências quanto ao andamento das políticas econômicas do governo e ambos vivem em atrito constante. Na economia, a inflação em alta gera insatisfação entre os argentinos e protestos nas ruas do país são constantes.