Deformidades na face, dificuldade para respirar, inflamações na garganta. Essas são algumas das sequelas deixadas por cirurgias plásticas malsucedidas e, em geral, feitas por profissionais não qualificados.
A advogada Andrea Paes representa 25 clientes vítimas de procedimentos equivocados feitos por uma dentista:
“Vítimas essas que após a realização do procedimento ficaram com a face totalmente deformada. Dessas 25 pessoas, existem pessoas que têm lábios assimétricos, nariz inflamado, malar comprometido. ”, afirma a advogada.
O Brasil é o país que mais faz cirurgias plásticas no mundo. De acordo com um levantamento recente divulgado pela Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética - que é uma organização que reúne cirurgiões estéticos de 110 países -, em 2019 nosso país respondeu por 13,1% do total de procedimentos feitos no mundo. Mas esses números contam apenas com registros oficiais.
Na prática, porém, os dados podem ser muito mais robustos. O otorrinolaringologista João Almeida relata que tem atendido cada vez mais pacientes tentando corrigir erros cometidos por profissionais que não podem executar esses procedimentos:
“No nosso consultório temos recebidos pacientes com graves mutilações no nariz principalmente, que é o nosso carro-chefe no consultório, para possíveis correções posteriores nesses procedimentos realizados por não-médicos. E muitos têm ficado com insuficiência respiratória, a base é muito ressecada e eles estreitam o nariz demasiadamente, o que causa uma obstrução e a reversão desse tipo de procedimento é muito complicada. ”, observa o médico.
O secretário-geral do Conselho Federal de Odontologia, o cirurgião-dentista Claudio Miyake explica que, por exemplo, dentistas podem fazer procedimentos que agora estão em alta, como a harmonização facial:
“Todos os procedimentos estéticos que não são cirúrgicos estão autorizados pelo Conselho Federal de Odontologia, desde que dentro da área de atuação do cirurgião-dentista. ”, pondera.
Procedimentos que envolvem cirurgias e cortes só podem ser feitos por profissionais médicos. Na dúvida, a orientação é consultar as informações sobre o profissional nos conselhos de Medicina ou de Odontologia.