A Polícia Federal diz ter informações suficientes para descobrir o destino do dinheiro no caso das joias que envolve Jair Bolsonaro.
O ex-presidente e outros sete envolvidos foram convocados a prestar depoimento à PF nesta quinta-feira (31) em Brasília, mas a maioria optou pelo silêncio.
Ficaram calados o próprio Bolsonaro, a ex-primeira-dama Michelle, o ex-secretário de Comunicação da Presidência Fábio Wajngarten e dois assessores.
Segundo a defesa, a Procuradoria-Geral da República não reconhece a competência do Supremo Tribunal Federal e do ministro Alexandre de Moraes na investigação e defenderam que o processo deveria estar na primeira instância da Justiça Federal de Guarulhos, onde o estojo de joias árabes foi apreendido pela Receita.
A PF destacou que o silêncio já era esperado, o que não atrapalha na condução do inquérito.
Por outro lado, o ex-ajudante de ordens da Presidência, tenente-coronel Mauro Cid, e o pai dele, general Lourena Cid, deram declarações consideradas importantes.
Principalmente Mauro Cid, que prestou depoimento por mais de nove horas e, de acordo com a PF, se mostrou disposto a colaborar nas investigações. A possibilidade de uma delação premiada ainda continua.
Já o pai dele foi confrontado sobre o material encontrado nos celulares apreendidos.
Numa das mensagens, Lourena Cid diz a Bolsonaro que "quer se encontrar com o ex-presidente para entregar US$ 25 mil em espécie". Segundo os investigadores, o general foi "evasivo" sobre a questão.
O advogado da família Bolsonaro também prestou depoimento em São Paulo.
Frederick Wassef é acusado de recomprar um relógio Rolex que havia sido vendido nos Estados Unidos, depois da determinação do TCU para entrega da joia.
Ele negou fugir das responsabilidades e admitiu ter recomprado o item de luxo.
Todos os depoimentos ocorreram de forma simultânea para evitar "combinação de versões" entre os investigados.
Para a Polícia Federal, Jair Bolsonaro usou a estrutura do governo para desviar presentes de alto valor e se enriquecer de maneira ilegal.
O ex-presidente nega as acusações e diz que recebeu presentes personalíssimos, que não seriam de propriedade da União.