PF afirma que Bolsonaro planejou e atuou na tentativa de golpe de estado

Ex-presidente foi citado mais de 500 vezes em inquérito

BandNews FM

Ex-presidente Jair Bolsonaro (PL)
REUTERS/Adriano Machado/File Photo

A quebra de sigilo do relatório da Policia Federal, realizado nesta terça (26), que apura uma tentativa de golpe de estado, aponta que Jair Bolsonaro, planejou e atuou na ação. O ex-presidente foi citado mais de 500 vezes no documento que tem mais de 800 páginas

O relatório mostra que Bolsonaro sabia da existência do golpe de estado, do planejamento de assassinatos e que o plano só não foi concretizado por fatos “alheios à vontade dele”.  

Além disso, a investigação aponta que Bolsonaro também sabia dos acontecimentos de 8 de janeiro de 2023 e mantinha contato com financiadores dos acampamentos.

O documento revela que Jair Bolsonaro saiu do Brasil no fim de 2022 por medo de ser preso, após não conseguir apoio total das Forças Armadas para o golpe de estado. Foi levantado que o ex-presidente tentou driblar a resistência de comandantes do Exército e da Aeronáutica, mas com a negativa dos dois, destinou a ação ao general Estevam Théophilo, comandante de Operações Terrestres do Exército.

O general Mário Fernandes também indiciado, teria atuado para tentar atribuir a responsabilidade dos atos de 8 de janeiro ao ministro da Justiça, Flávio Dino, por omissão.

A PF apontou também que o parecer do PL (Partido Liberal), que havia pedido a anulação de votos de urnas eletrônicas, serviria apenas para alimentar manifestações golpistas. O relatório cita integrantes da Abin paralela que produziram informações falsas sobre o processo eleitoral e ministros do STF e TSE.

Os seis grupos citados no inquérito eram responsáveis por executar tarefas, como o por exemplo, o "núcleo da desinformação", que era responsável por produzir e divulgar fake news para desacreditar as eleições. 

Os principais integrantes eram o tenente-coronel Mauro Cid e o ex-ministro da Justiça Anderson Torres, que também teve relevante atuação na propagação de fraude no sistema eletrônico de votação.

Já o general Braga Netto, fazia parte do grupo para incitar militares a apoiarem o golpe. O ex-assessor internacional do governo Bolsonaro, Filipe Martins e Anderson  Torres, faziam parte do "núcleo jurídico" que era responsável pelas minutas de decretos para justificar as ações golpistas.

O grupo do "núcleo operacional" tinha a missão de manter as manifestações em frente aos quartéis do Exército, sob ordens de Mauro Cid.

O núcleo de "inteligência paralela" tinha como participantes o ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno,  e o ex-chefe da Agência Brasileira de Inteligência, delegado Alexandre Ramagem. Esse grupo foi responsável por ações clandestinas utilizando, de forma ilícita, órgãos do estado brasileiro para manter Bolsonaro no poder.

Por fim, o inquérito apontou que o núcleo de militares de alta patente, usavam a influência no Exército para assegurar as medidas do golpe. Na lista de integrantes estão Braga Netto, o ex-comandante da Marinha Almir Garnier Santos e o ex-ministro da Defesa Paulo Sergio Nogueira.

Além do levantamento do sigilo, o ministro Alexandre de Moraes encaminhou os autos do processo à Procuradoria-Geral da República. Se condenado, o ex-presidente pode pegar até 28 anos de prisão e pode ter sua inelegibilidade prolongada em caso de novo problema judicial.

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