Petrópolis (RJ): enchentes são problema desde o século 19

Imperador Dom Pedro II escreveu em diário sobre riscos para população da cidade

Enchentes são problema desde o século 19 em Petrópolis, RJ Foto: Ricardo Moraes/ Agência Brasil
Enchentes são problema desde o século 19 em Petrópolis, RJ
Foto: Ricardo Moraes/ Agência Brasil

Os problemas envolvendo enchentes causadas por fortes chuvas em Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro, como a que aconteceu na última terça-feira (15) e que deixou mais de 100 mortos, não são novidade para os moradores da região.

Quase dois séculos antes da tragédia que atingiu o município, o imperador Dom Pedro II já demonstrava preocupação com as chuvas e com a falta de ações do poder público para evitar e enfrentar enchentes no município da Região Serrana.

Entre 1861 e 1862, o monarca escreveu em um diário de viagens sobre condições climáticas e problemas que temporais poderiam trazer para a estrutura e população da cidade. Em um dos trechos, no dia 5 de janeiro de 1862, o então imperador do Brasil relatou sobre uma grande enchente que atingiu o Centro da cidade, local que voltou a ser afetado neste ano.

No documento, Dom Pedro II conta que um homem foi resgatado após cair em um canal. Ele relata ainda que ao conversar com um engenheiro, descobriu que pouco havia sido feito no ano anterior até aquele momento para evitar impactos causados pelas chuvas. Segundo o soberano, foram necessários 2 meses para reparar os estragos do último temporal.

Ainda em janeiro de 1862, o imperador chega a escrever que tinha o receio que uma desgraça acontecesse. Em outros dias, ele descreveu alagamentos que atingiram hospitais da região. Em outro registro do mesmo diário, Dom Pedro fala sobre como Petrópolis foi atingida por chuvas entre os dias 6 e 31 de dezembro de 1861, inclusive destacando que utilizou um higrômetro e um termômetro em Fahrenheit para monitorar e descrever com detalhes o temporal.

O documento histórico também traz outras passagens do monarca sobre chuvas em diferentes regiões do Rio de Janeiro na época do Brasil Império.

Mais de 100 pessoas continuam desaparecidas após a tragédia de fevereiro deste ano.