Pré-candidato à Prefeitura de São Paulo, o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) afirma que está se reunindo com empresários da cidade e religiosos que são de campos políticos opostos ao dele, já pensando nas eleições deste ano.
Líder nas pesquisas, Boulos também tem a maior rejeição na disputa paulistana, mas nega que esteja evitando dialogar com pessoas que não sejam, necessariamente, de esquerda.
O parlamentar diz que a cidade de São Paulo não aceita a intolerância e explica, inclusive, que esse é um dos motivos para que Marta Suplicy, do PT, e que fez parte da gestão Ricardo Nunes, componha a chapa com ele.
"A aliança com a Marta tem a ver com duas coisas: primeiro com a construção dessa frente democrática. Eu acho que simboliza isso. É alguém que até poucos meses atrás não estava no nosso campo. Estava no campo do prefeito e veio para cá por entender que o prefeito está construindo uma aliança que deixa São Paulo ou que pretende deixar São Paulo refém do autoritarismo, do golpismo e da intolerância. Por outro lado, a aliança com a Marta tem um outro objetivo que é trazer esse legado que ela representa como gestora pública, que foi uma grande prefeita de São Paulo, que deixou marcas que são inquestionáveis: os CEU's, bilhete único, vai e volta, corredores de ônibus...", destacou o pré-candidato.
A fala do deputado foi dada durante a primeira de uma série de entrevistas que a BandNews FM está fazendo com os pré-candidatos nas próximas eleições municipais.
Guilherme Boulos foi questionado sobre a situação do centro da cidade e falou que a principal medida a ser tomada para que a região fique mais segura e volte a ser frequentada tem a ver com a questão imobiliária e o aumento do número de GCM's na região.
"Você tem que estimular a atividade no centro combinando moradia, social e também para classe média, comércio no térreo e uso cultural e econômico", afirmou.
A atual gestão briga para que a Agência Nacional de Energia Elétrica rompa o contrato de concessão com a Enel.
Sobre os problemas envolvendo a concessionária, Boulos afirmou que é "uma vergonha" uma cidade como São Paulo não ter equipes suficientes para fazer a poda das árvores.
Prometendo melhorar esse serviço caso seja eleito, o pré-candidato do PSOL criticou a forma como a atual gestão lida com a situação classificou o serviço da Enel como "uma tragédia".
"É uma vergonha que uma cidade com a estrutura de São Paulo, com o tamanho de São Paulo, não tenha equipes suficientes de poda de árvore. Isso é vergonhoso [...] e isso é responsabilidade direta do prefeito. Não adianta ele querer terceirizar, é um costume dele se omitir e terceirizar responsabilidades. Não cola. Agora, a Enel é uma tragédia", disse Boulos.
Ele também defendeu que, se houver possibilidade jurídica, o contrato com a empresa deve, sim, ser rompido.
O pré-candidato destacou ainda que vai comprar a briga para que a Sabesp não seja concedida à iniciativa privada.
Boulos também evitou comentar a fala recente do presidente Lula, que comparou a investida de Israel contra o Hamas na Faixa de Gaza ao Holocausto.
O deputado disse que acompanha o posicionamento da diplomacia brasileira, condena os ataques terroristas do Hamas, mas também não concorda com a resposta desproporcional do Estado de Israel, que também promove a morte de inocentes em Gaza.
O candidato criticou os opositores de Lula, que o atacaram pela fala, mas nunca saíram em defesa dos inocentes mortos em território palestino, mas não quis comentar, diretamente, o discurso do petista.
"Eu não sou comentarista das falas do Presidente da República. Ele teve 60 milhões de votos para estar onde está. Não sou candidato a prefeito de Tel Aviv. Eu sou candidato a prefeito de São Paulo, quero discutir os temas da cidade de São Paulo", disse o parlamentar.
Boulos também garantiu que, caso eleito, vai cumprir os quatro anos de mandato e confirmou presença no debate da Band.
Nesta terça-feira (20), a entrevistada será a deputada Tabata Amaral, pré-candidata do PSB à Prefeitura de São Paulo.