Uma inconsistência identificada na base de dados do Ministério da Saúde aponta que ao menos 30 mil pessoas no Brasil podem ter tomado três doses de vacinas contra a Covid-19.
O número foi calculado por matemáticos de cinco universidades brasileiras, com base em dados publicados pelo sistema DATASUS, o Departamento de Informática do SUS, levando em conta as imunizações até 24 de junho deste ano.
Esses casos, se não forem erros no cadastro do SUS, podem apontar pessoas que teriam burlado o Plano Nacional de Imunização (PNI).
Dentre essas 30 mil pessoas, os estados de São Paulo (4.870), Paraná (2.689) e Rio Grande do Sul (2.416) são os campeões, atingindo os maiores de índices de possíveis burladores.
Para isso, esses indivíduos buscariam uma terceira dose em outro estado, ou ainda uma dose em cada. Mesmo assim, ainda segundo o estudo, em 55 cidades da Bahia, há registros de pessoas que tomaram as três doses na mesma cidade.
Nos municípios de Ribeira do Amparo e de Ouriçangas, no Nordeste baiano, uma pessoa em cada cidade chegou a tomar 4 doses de imunizante contra a Covid-19, de acordo com o registro do DATASUS.
Em resposta ao estudo, a Secretaria Municipal de Saúde de Salvador informou que não tem acesso à base federal de dados e disse ter solicitado ao Ministério da Saúde o acesso para garantir mais segurança ao processo de imunização na capital do estado. Já a Secretaria Estadual de Saúde da Bahia afirmou que não teve acesso de forma oficial a esse estudo.
Por sua vez, o Ministério Público da Bahia explicou, em nota, que trabalha para orientar a atuação dos promotores nesses casos e que, quem tomou três doses da vacina, pode responder criminalmente.
O Ministério da Saúde também reforçou que todas as orientações para a campanha de vacinação estão no Plano Nacional de Vacinação contra a Covid-19 e apontou que a apuração de possíveis irregularidades compete a autoridades locais e órgãos de fiscalização.